Washington - Os Estados Unidos atacaram, domingo, 27, as milícias iranianas na fronteira entre o Iraque e a Síria, em resposta ao aumento dos ataques com 'drones' contra interesses norte-americanos no Iraque.
Os ataques visaram centros operacionais e depósitos de armas em dois locais na Síria e num local no Iraque, indicou o Pentágono.
Pelo menos cinco combatentes de milícias apoiadas pelo Irão foram mortos e vários ficaram feridos nos ataques, disse a organização não-governamental Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres.
"Sob a direcção do Presidente Joe Biden, as forças militares norte-americanas realizaram ataques aéreos defensivos de precisão contra instalações utilizadas pelas milícias apoiadas pelo Irão na região fronteiriça entre o Iraque e a Síria", disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby, numa declaração.
Esta foi a segunda operação deste tipo contra milícias pró-iraquianas na Síria efectuada pelos Estados Unidos desde que Biden tomou posse em Janeiro. Em Fevereiro, um ataque na Síria oriental matou mais de duas dezenas de combatentes, de acordo com a OSDH.
"Os alvos foram seleccionados porque estas instalações são utilizadas por milícias apoiadas pelo Irão e envolvidas em ataques com veículos aéreos não tripulados ('drones') contra pessoal e instalações dos EUA no Iraque", acrescentou o porta-voz do Pentágono.
Os interesses dos EUA no Iraque têm sido alvo de repetidos ataques nos últimos meses. Washington tem atribuído sistematicamente estes ataques a facções pro-iranianas.
Enquanto isso, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou hoje ao Conselho de Segurança para prorrogar por um ano as "vitais" operações de assistência humanitária no norte da Síria, através da fronteira turca, cujo fim é defendido pela Rússia.
Guterres, numa intervenção por videoconferência em reunião do Conselho de Segurança, alertou que haverá "consequências devastadoras", se não for prolongada a autorização.
A actual autorização do Conselho de Segurança, permite às Nações Unidas e seus parceiros entregar ajuda humanitária a partir da Turquia à população do último bastião da oposição na Síria, mas termina a 10 de Julho e Moscovo já ameaçou repetidamente vetar qualquer intenção de prorrogação.
Há um ano, a Rússia forçou o encerramento de outros pontos de acesso a assistência humanitária em zonas rebeldes, deixando as operações da ONU limitadas a uma única entrada a partir da Turquia.
Outros membros do Conselho de Segurança, em especial os EUA, impulsionaram nos últimos meses uma importante campanha diplomática para se manter aberto esse último ponto de acesso e, se possível, reabrir outros.
O mesmo pede organizações não-governamentais como os Médicos Sem Fronteiras ou a Human Rights Watch, que alertaram várias vezes para o impacto dramático que o fim destas operações teria para mais de quatro milhões de pessoas que vivem nessa zona da Síria.
A Rússia, o grande aliado do regime de Bashar al-Assad, insiste que a província síria de Idlib está, na sua maioria, controlada por grupos terroristas que mantêm a população "refém" e que se aproveitam dessa ajuda, pelo que exige que seja canalizada via Damasco.
De acordo com a ONU, no entanto, as possíveis entregas de ajuda humanitária através da capital síria não podem em nenhuma situação substituir o tipo de assistência que está a ser entregue através do exterior.
"Nos últimos 12 meses, temos levado a cabo gigantescas operações transfronteiriças no noroeste, com mais de mil camiões a cruzar um único ponto a cada mês. Cada passo da entrega é escrupulosamente vigiado por pessoas no terreno para garantir que a ajuda não se desvia e chega aos beneficiários", defendeu hoje o líder das Nações Unidas.
"Apelo aos membros do Conselho a chegar a um consenso para permitir as operações transfronteiriças como um canal vital de apoio durante mais um ano", insistiu Guterres.