Paramaribo - Subiu para 14 o número de mortos registados na mina de ouro ilegal que ocorreu segunda-feira, a cerca de 100 quilómetros a sul de Paramaribo, enquanto outras sete pessoas estão desaparecidas, adiantaram hoje as autoridades do Suriname.
As equipas de resgate continuam a trabalhar à procura de sobreviventes, naquele que é considerado o pior acidente de mineração do país sul-americano.
O Governo, por sua vez, anunciou a abertura de uma investigação sobre o incidente.
"Estamos chocados e oferecemos as nossas condolências aos familiares", frisou o Presidente Chan Santokhi, durante um breve discurso na televisão.
O chefe de Estado realçou que o incidente ocorreu numa área onde um veio de ouro foi descoberto anteriormente, atraindo grandes grupos de garimpeiros ilegais.
A Zijin Mining, empresa que opera uma mina de ouro legal na região, tinha-se reunido com o Governo poucas horas antes do incidente para encontrar soluções para a mineração ilegal na concessão à sua subsidiária, Rosebel Goldmines N.V.
A empresa emitiu um comunicado na segunda-feira, vincando que "enfatizou repetidamente os perigos da mineração ilegal de ouro".
Anteriormente a empresa apresentou um pedido oficial de despejo ao Governo, o que levou o Exército e a polícia a destruir os acampamentos ilegais e a ordenar que as pessoas abandonassem o local.
No entanto, os mineiros ilegais regressaram, acreditando-se que várias centenas estivessem a trabalhar na área.
A região foi palco de desavenças entre os quilombolas, descendentes de escravos, e os guardas de segurança da mineradora, com os moradores a argumentarem que tinham o direito de minerar na área porque esta estava localizada nas suas terras.
Em 2019, moradores em fúria incendiaram equipamentos da empresa depois de um segurança ter atingido a tiro mortalmente um deles.
O Suriname tem lutado contra a mineração ilegal e de pequena escala durante anos, com mais de 15 mil pessoas a trabalharem no sector de pequena mineração, incluindo brasileiros e, recentemente, chineses.
Várias tentativas de regular o sector e proibir o uso de mercúrio falharam.
No seu discurso, Santokhi realçou que as autoridades concordaram em adoptar uma abordagem "cada vez mais rigorosa" na regulação do sector do ouro para evitar tais incidentes. CNB/GAR