Genebra - O Conselho de Direitos Humanos da ONU determinou hoje, pela primeira vez, um mandato para um relator especial para monitorizar a repressão da oposição na Rússia, no dia em que uma organização não-governamental russa venceu o Nobel da Paz.
Esta será a primeira vez que o Governo russo é alvo de uma resolução sobre a situação dos direitos humanos no país, proposta por grande parte dos países membros da União Europeia (UE) e que foi aprovada com 17 votos a favor, 24 abstenções e seis votos contra, incluindo o da China.
A adopção da resolução acontece no mesmo dia em que o Prémio Nobel da Paz 2022 foi concedido à organização não-governamental (ONG) russa Memorial - que foi proibida na Rússia - bem como ao activista bielorrusso actualmente detido Ales Bialiatski e ao Centro para as Liberdades Civis, da Ucrânia.
O embaixador russo junto da ONU em Genebra, Guennadi Gatilov, ex-vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, preferiu destacar que "menos de metade" dos 47 Estados-membros do Conselho de Direitos Humanos votaram a favor do texto, acusando os "países ocidentais de usarem o Conselho para fins políticos".
A Rússia abandonou o Conselho de Direitos Humanos há alguns meses, quando a Assembleia-Geral da ONU votou a sua expulsão, devido à invasão da Ucrânia, mantendo apenas o estatuto de país observador.
A resolução, adoptada no dia do 70º aniversário do Presidente russo, Vladimir Putin, determina a nomeação de um relator especial para monitorizar "a situação dos direitos humanos", pelo prazo de um ano.
O documento instrui o relator a "coligir, rever e avaliar informações relevantes de todas as partes interessadas, incluindo a sociedade civil russa, dentro e fora do país".
Em Maio, o Conselho iniciou uma investigação de alto nível sobre a eventualidade de crimes de guerra cometidos por tropas russas na Ucrânia.