Cabul -Os talibãs paquistaneses anunciaram hoje (sexta-feira) que prolongaram "até nova ordem" um cessar-fogo com Islamabad devido aos progressos alcançados nas negociações de paz que começaram em Maio na capital afegã, Cabul.
O Paquistão tem sido confrontado com o regresso em força dos talibãs paquistaneses do Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), galvanizados pela chegada ao poder dos talibãs no Afeganistão, em Agosto de 2021.
O TTP é um grupo distinto dos talibãs afegãos, mas movido pela mesma ideologia e com uma longa história comum. O Paquistão afirma que o TTP prepara os seus ataques em solo afegão, o que Cabul nega.
Em Maio, foram iniciadas negociações de paz em Cabul entre este movimento e altos responsáveis paquistaneses, sob mediação do Afeganistão.
As negociações aceleraram com a chegada na terça-feira a Cabul de uma nova delegação de chefes tribais paquistaneses, para uma nova ronda de conversações com o TTP.
"Durante dois dias de reunião foram registados avanços substanciais e na sequência disso, a direcção do TTP prolongou o cessar-fogo até nova ordem", declarou o seu porta-voz, Muhammad Khurasani, num comunicado divulgado na capital afegã.
O cessar-fogo decretado no início de Maio tem sido respeitado até agora.
"Para que as negociações possam avançar, haverá outras reuniões nos próximos dias", acrescentou o porta-voz.
Um responsável do governo paquistanês que pediu anonimato declarou à AFP que as negociações vão "numa direcção positiva".
O TTP provocou inúmeros atentados, que provocaram vítimas no Paquistão, desde a sua criação, em 2007, até 2014, tendo sido depois enfraquecido por intensas operações do exército, mas voltou em força há pouco mais de um ano.
Essa situação obrigou Islamabad a iniciar negociações, acompanhadas de um cessar-fogo, no final do ano passado pela primeira vez desde 2014 e já com a mediação dos talibãs afegãos, mas as conversações não tiveram resultados e as tréguas foram interrompidas um mês mais tarde.
A zona fronteiriça entre o Paquistão e o Afeganistão acolhe muitos grupos armados que aproveitam as falhas na fronteira para operar, desde há bastante tempo. No entanto, tem sido uma fonte de tensão crescente após o regresso ao poder dos talibãs em Cabul.
Em meados de Abril, responsáveis afegãos acusaram o exército paquistanês de ter matado 47 civis em ataques aéreos no leste do Afeganistão.
Os militares paquistaneses não confirmaram ter realizado a operação e o governo de Islamabad exortou o Afeganistão a controlar melhor a sua fronteira para garantir a segurança.