Trump mantém contestação dos resultados até à transição de poder

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  • Luanda     Sábado, 12 Dezembro De 2020    14h14  
Ex-presidente dos EUA, DonaldTrump (Foto arquivo)
Ex-presidente dos EUA, DonaldTrump (Foto arquivo)
Divulgação

Washington - O Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, continua a não aceitar a derrota nas eleições de 03 de Novembro, contestando os resultados ao ponto de prejudicar a transição de poder para o democrata Joe Biden.

Seis meses antes das presidenciais dos EUA, Donald Trump começou a usar a sua conta na rede social Twitter para lançar as primeiras suspeições sobre a lisura e transparência do acto eleitoral, questionando a validade do voto por correspondência.

Trump argumentava que o voto por correio era um "esquema", alegando que o seu recurso generalizado levaria à "mais corrupta eleição" na história política dos Estados Unidos, embora nunca tenha apresentando provas que sustentassem a sua tese.

Na primavera deste ano, os republicanos iniciaram uma campanha jurídica de grande dimensão para tentar impedir o recurso ao voto por correspondência, mas nessa altura o jornal The Washington Post noticiou que em 90 casos analisados nenhum juiz dera provimento às queixas do partido do Presidente.

Já nas eleições presidenciais de 2016, que viria a vencer, Trump tinha alertado para o risco de milhões de pessoas votarem de forma ilegal e chegou mesmo a nomear uma comissão para analisar a situação, sem que se tenham verificado provas a sustentar as alegações do Presidente republicano.

Tal como em 2016, Trump voltou este ano a questionar a autorização para os imigrantes ilegais poderem votar nas eleições presidenciais, mas as atenções do Presidente voltaram-se sobretudo para o voto antecipado e, em particular, para o voto por correspondência, que todos os estudos indicavam que iria aumentar substancialmente, por causa da pandemia de covid-19, o que ficou comprovado com mais de 65 milhões de votos nessa modalidade.

Em inúmeros comícios de campanha, Trump queixou-se de que os norte-americanos tinham o direito para saber o resultado na noite eleitoral de 03 de Novembro, criticando os estados que anunciaram que apenas revelariam a distribuição de votos nos dias seguintes, para permitir a contagem dos votos por correspondência, cuja validação é sempre mais lenta e complexa.

Alguns estados disseram ainda que iriam permitir a contagem de votos por correspondência que chegassem alguns dias depois de 03 de Novembro, desde que tivessem sido emitidos antes do dia das eleições, perante novas críticas do Partido Republicano.

Por essa altura, várias agências independentes reconheciam que o voto antecipado e o voto por correspondência estavam a ser mais utilizados pelos eleitores democratas, o que suscitava a reação do candidato republicano.

"Os democratas estão a pedir voto por correspondência porque o entusiasmo com Joe Biden é o mais baixo da história e eles estão preocupados que poucas pessoas apareçam e votem", escreveu Trump na sua conta pessoal da rede social Twitter, a 21 de Agosto.

Por essa altura, em três estados considerados fulcrais para o desenlace das eleições presidenciais (Michigan, Pensilvânia e Wisconsin), os governos estaduais controlados por republicanos rejeitaram propostas para uma contagem antecipada dos votos por correio.

Essa opção, permitiria que, na noite eleitoral, o candidato republicano aparecesse com mais vantagem do que o democrata Joe Biden, que apenas poderia recuperar à medida que os votos antecipados e por correio fossem contados.

Com queixas judiciais apresentadas em vários estados e com uma escalada de tensão entre republicanos e democratas sobre a legalidade da eleição, as duas candidaturas recrutaram dezenas de advogados, para se prepararem para todos os cenários pós-eleitorais, antecipando uma guerra jurídica à volta dos resultados finais.

Trump acusou alguns estados de enviarem boletins de voto para casa de eleitores que nunca os tinham pedido, embora omitisse que essa prática é aplicada há várias décadas, sem nunca ter sido contestada por qualquer um dos dois grandes partidos.

Diversos estudos académicos têm mostrado que a fraude eleitoral nos Estados Unidos é muito pouco provável e tem sido verificada em alguns casos isolados, como aconteceu nas primárias de 2018 na Carolina do Norte, em que foi necessária uma repetição de voto após um consultor de um candidato republicano ter sido apanhado a falsificar boletins de voto.

A verdade é que na noite eleitoral, Trump apareceu nos écrans de televisão a repetir os argumentos de "fraude eleitoral", prometendo lutar contra o que disse ser uma tentativa de os democratas "roubarem as eleições".

Com os números a indicar uma vitória de Biden, em termos de votos e do Colégio Eleitoral que escolhe o Presidente, Trump criou uma equipa jurídica, liderada pelo seu advogado pessoal Rudolph Giuliani, para contestar os resultados em diversos estados.

As atenções do candidato republicano centraram-se em três estados cruciais para uma eventual mudança de resultado final das eleições presidenciais: na Pensilvânia, a equipa jurídica de Trump procurou contestar irregularidades na contagem de votos; no Michigan, explorou discrepâncias entre as listas de eleitores e o número de votos; na Geórgia, procurou contestar erros processuais.

Em nenhum dos casos, os tribunais deram razão às alegações dos republicanos e, no início de Dezembro, já todos os estados tinham validado os resultados que definem o Colégio Eleitoral, que atribuem 306 votos para Joe Biden e 232 a Donald Trump.

Contudo, nem isto convenceu o Presidente em exercício a reconhecer a derrota, continuando a prometer aos seus apoiantes que lutará até ao fim pelo que reconhecimento do que diz ser "uma vitória clara" da sua candidatura, mantendo as alegações de "fraude eleitoral".

Esta intransigência prejudicou o processo de transição de poder, levando a que Joe Biden apenas tenha conseguido ter acesso aos 'brefings' classificados a partir do dia 30 de Novembro, vendo sonegadas por várias semanas informações relevantes para a definição da sua estratégia de governação.

Durante várias semanas, Biden esteve impedido de receber instruções de inteligência e elementos da sua equipa foram impedidos de entrar em contacto com colegas do Governo do Presidente Donald Trump, devido à recusa da Administração de Serviços Gerais em verificar se Biden tinha vencido as eleições presidenciais, perante os processos judiciais sobre a votação interpostos pela candidatura republicana.

Donald Trump continua a não revelar se estará presente na cerimónia de tomada de posse de Joe Biden como 46.º Presidente dos EUA, marcada para 20 de Janeiro, e continua a manter pressão sobre os parlamentos estaduais, numa tentativa de manipular a escolha dos Grandes Eleitores, que determinarão a validação pelo Congresso, no dia 06 de janeiro, dos votos do Colégio Eleitoral.



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