Cidade do Vaticano - O Vaticano repudiou formalmente nesta quinta-feira a "doutrina da descoberta" utilizada na era colonial para justificar as conquistas européias da África e das Américas, afirmando que "não faz parte do ensinamento da Igreja Católica".
Vaticano repudia “Doutrina da Descoberta” usada como justificativa para a colonização das Américas e da África
Cidade do Vaticano - O Vaticano repudiou formalmente nesta quinta-feira a "doutrina da descoberta" utilizada na era colonial para justificar as conquistas européias da África e das Américas, afirmando que "não faz parte do ensinamento da Igreja Católica".
Segundo um comunicado dos seus departamentos de cultura e desenvolvimento humano, documentos papais do século 15 foram usados por potências coloniais para dar legitimidade as suas acções, que incluíam a escravidão.
Os departamentos mencionam especificamente as bulas papais Dum Diversas (Até Diferentes) de 1452, Romanus Pontifex (O Romano Pontífice) de 1455 e Inter Caetera (Entre Outras Coisas) de 1493.
"A pesquisa histórica demonstra claramente que os documentos papais em questão, escritos num período histórico específico e ligados a questões políticas, nunca foram considerados expressões da fé católica", diz o comunicado.
O documento diz que "foram manipulados para fins políticos" por potências coloniais concorrentes para justificar actos imorais contra os povos indígenas que foram realizados, às vezes, sem oposição das autoridades eclesiásticas".
Os departamentos do Vaticano admitiram que as bulas, que deram cobertura política às conquistas espanholas e portuguesas na África e nas Américas, "não reflectiam adequadamente a igual dignidade e direitos dos povos indígenas".
“É justo reconhecer esses erros, reconhecer os efeitos terríveis das políticas de assimilação e a dor vivida pelos povos indígenas e pedir perdão”, segundo o Vaticano.
O Papa Francisco, o primeiro pontífice nascido no continente Americano, fez vários gestos de sensibilização para os povos indígenas. No ano passado, viajou para a região ártica do Canadá para desculpar-se ao povo Inuit, que sofreu com a colonização.