Pequim - O Presidente da China, Xi Jinping, defendeu hoje que a União Europeia (UE) deve ser "mais autónoma" para enfrentar os problemas existentes entre as duas partes, que resultaram no congelamento do acordo de investimentos assinado em 2020.
Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim diz que as palavras do líder chinês foram transmitidas ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, através de uma conversa telefónica mantida hoje.
"Desde o início deste ano que as relações entre a China e a UE estão a enfrentar novos problemas [...]. Esperamos que a Europa adira a uma estratégia autónoma e trabalhe em conjunto para relançar as relações", afirmou Xi Jinping.
As relações entre ambos azedaram depois de, em 22 de Março, os 27 terem sancionado quatro autoridades e uma entidade chinesa por supostas violações dos direitos humanos na região Uigur, em Xinjiang, medidas que foram as primeiras sancionatórias da UE contra a China desde o massacre da Praça Tiananmen, em 1989.
O Governo chinês respondeu com medidas semelhantes contra eurodeputados, políticos, investigadores e entidades europeias que criticam a China.
Como consequência, em Maio, o Parlamento Europeu congelou o processo de ractificação do acordo de investimentos alcançado pela UE e a China em Dezembro de 2020, após sete anos de negociações, com uma resolução aprovada por ampla maioria.
Nessa resolução foi rejeitado avançar com a aprovação enquanto Pequim mantiver em vigor as sanções.
Hoje, na conversa telefónica com Michel, Xi Jinping sublinhou que a China e a UE "são duas forças independentes" e "parceiros estratégicos", e que ambas estão interessadas em "promover relações saudáveis".
No entanto, o Presidente chinês reiterou que a China "nunca deixará de defender sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento", questões que Pequim considera inegociáveis.
"A UE deve distinguir o certo do errado e trabalhar com a China", insistiu.
Xi Jinping acrescentou que os dois blocos podem reforçar a cooperação em temas como as alterações climáticas, conservação da biodiversidade ou na conectividade digital.
Além da disputa sobre sanções, fontes diplomáticas e empresariais europeias com sede na China denunciaram a desigualdade que as suas empresas enfrentam ao entrar e competir no mercado chinês, sobretudo no que diz respeito às perspetivas das empresas e dos investimentos no país.
Em Setembro deste ano, a Câmara de Comércio da União Europeia na China expressou preocupação com a mudança para a autossuficiência defendida por Pequim, destacando que as empresas europeias "não têm certeza de até que ponto poderão contribuir para o crescimento futuro do país".