Adis Abeba (Dos enviados especiais) - Adis Abeba, a capital da Etiópia, atrai pela riqueza histórica e cultural e hospitalidade de um povo simpático e receptivo, que sente orgulho do país ter sido o único a resistir à colonização europeia.
Fundada em 1886 pelo imperador etíope Menelik II, "Adis" (como é conhecida), conta com um rico cenário cultural, o que levou a ser indicada pelo New York Times, em 2014, como um dos 15 melhores destinos a serem visitados.
Festivais de fotografia, jazz, cinema e exposições de arte contemporânea são presenças constantes em Adis Abeba.
Entre os passeios culturais, a visita ao Museu Nacional, onde estão os fósseis dos primeiros ancestrais, Lucy, Ardi e Salam, a Catedral da Santíssima Trindade, o Monumento fúnebre ao Imperador Haile Selassiė, sua família e os que combateram os italianos, é o que mais impressiona.
Ao sair do Aeroporto Internacional Adis Abeba Bole, depara-se com uma cidade vibrante e movimentada, com prédios altos, shoppings e uma boa infra-estrutura urbana, que constrata com alguns "musseques" encravados no casco urbano.
Por esses dias, a cidade está "agitada" e salta à vista um reforço do dispositivo de segurança, por acolher, nos dias 18 e 19 deste mês, o mais importante Fórum de Concertação Política de África.
Trata-se da 36ª Cimeira de Chefes de Estados e de Governo da União Africana (UA), um evento anual que contará com a participação do Presidente da República, João Lourenço.
Na capital etíope é notória a movimentação em unidades hoteleiras de referência e o "frenesim" das delegações de alto nível que desembarcam no Aeroporto Internacional de Bole, para participar no magno evento.
Voltando para as referências da cidade, Adis Abeba situa-se no centro do país sobre um planalto que fica a uma altitude compreendida entre os 2300 e os 2600 metros, tornando-se a capital mais alta de África.
Apesar de se situar na zona tropical seca, a cidade, com cerca de quatro milhões de habitantes, consegue evitar elevadas temperaturas das regiões vizinhas graças ao efeito amenizador da altitude.
Nas ruas e avenidas de Adis Abeba circula uma frota automóvel “híbrida”. Carros inimaginavelmente velhos partilham as vias com carros lançados recentemente.
Um Mercedes top de gama e um Lada, por exemplo, andam lado a lado. O turismo é um dos principais vectores da economia. A cidade tem um comércio efervescente e organizado, pelo menos, na zona urbana. É a forte influência árabe em todo o seu esplendor.
A cidade é simpática. Tem edifícios modernos, grande parte construídos por empreiteiros etíopes, que utilizaram soluções e materiais locais, ou seja, andaimes de troncos ou paus são vistos em todos os prédios que estão a ser erguidos. Dificilmente utilizam guindastes.
Calendário ortodoxo
A Etiópia é um dos mais antigos países cristãos do mundo e o seu calendário também baseia-se no nascimento de Jesus Cristo. Só que não adoptou o ajuste realizado no século VI pelo Papa Gregório XIII, cujo nome, aliás, está na origem do termo “calendário gregoriano”.
O país utiliza até hoje o seu próprio calendário, que é o juliano, criado pelo imperador romano Júlio César e seus astrónomos em 46 a.C. O ocidente trocou o calendário juliano pelo gregoriano, o actual. Significa que, enquanto estamos em 2023, os etíopes ainda estão em 2016.
O ano para eles dura 13 meses, ou seja, além do ano ter um mês a mais, o calendário etíope está sete anos e oito meses atrás do calendário ocidental.
Nova Flor
A cidafe de Adis Abeba, cujo nome histórico na língua amárico é "Nova Flor", tem uma dinâmica única.
A rede hoteleira e de restaurantes é expressiva. A alimentação é mais vegetariana do que de carnes e enchidos e os sumos são naturais e muito apreciados pelos turistas.
Hotéis de cadeias internacionais estão espalhados em todos os cantos e não param de aumentar. Afinal é a capital da diplomacia continental, por albergar a sede da União Africana e também da Comissão Económica das Nações Unidas para África.
A sede da União Africana é um majestoso edifício de 20 andares e 31 salas de conferências, dominando toda a zona administrativa da capital etíope.
Inaugurada em 2012, a sala principal da conferência foi atribuída o nome de Nelson Mandela, em homenagem ao primeiro Presidente negro da África do Sul.
São mais de 120 missões e embaixadas em Adis Abeba, o que obriga a um investimento sério no domínio da hotelaria. Os hotéis são os maiores geradores de emprego na cidade, que tem sido “invadida” por um assinalável êxodo rural.
A cidade é também uma das maiores sedes de organizações não governamentais do mundo, que são conhecidas por pagarem bons salários.
Investidores internacionais têm o olhar voltado para os diversos segmentos da economia com destaque para o sector imobiliário, serviços e hotelaria.
Adis Abeba tem um estilo arquitectónico distinto, ao contrário de muitas cidades africanas, a capital etíope não foi construída como um assentamento colonial, o que significa que a cidade não tem um estilo de arquitetura europeia.
Porém, devido à invasão italiana em 1936, a cidade começou a ter influência na arquitetura italiana. Muitos edifícios na cidade são de estilo italiano, influenciados pela arquitetura europeia, o distrito de Pizza (centro da cidade) é a parte mais evidente da arquitetura italiana.
Sobre o país
A Etiópia, o 2° maior país em população da África, está localizada no "corno de África", uma região estratégica do continente próxima ao Médio Oriente. Não possui litoral e faz fronteira com Djibuti, Eritreia, Quénia, Somália, Sudão e Sudão do Sul.
Organização política
A Etiópia é considerada "nunca colonizada" por alguns estudiosos, apesar da ocupação da Itália de 1936 a 1941 porque não resultou
em uma administração colonial duradoura.
O sistema politico do país se desenvolve na estrutura de uma República Federativa parlamentarista, no qual o primeiro-ministro é o Chefe do Governo (designado pelo parlamento), atualmente Abiy Ahmed.
O Presidente da República exerce funções mais protocolares, sendo designado pela Câmara Baixa (Conselho de Representantes do Povo) e pelo Senado (Conselho Federal).
A actual ocupante do cargo é Sahle-Work Zewde, a primeira mulher Presidente do país.
Os representantes do povo são eleitos por voto popular directo, enquanto os senadores são designados pelas regiões administrativas. DC/AL