Menongue – “Pátria ou morte, venceremos” foi o slogan mais sonante no seio da tropa angolana que se bateu heroicamente na longa Batalha do Cuito Cuanavale, perante um inimigo melhor equipado e mais sofisticado.
Por Maurício Sequesseque Mangala, jornalista da ANGOP
As múltiplas vantagens do campo oposto, sobretudo em termos de meios e tecnologia, não bastaram para impedir a vitória final dos angolanos, há precisamente 36 anos.
Ou seja, sem meios bélicos suficientes, os angolanos, imbuídos do espírito de amor à pátria, defesa da soberania nacional e preservação da sua integridade moral, conseguiram vergar o Exército sul-africano do regime do apartheid, um dos mais temíveis do mundo e de África na década de 80.
Confirmava-se, mais uma vez, a bravura e determinação do povo angolano na defesa da sua integridade territorial.
Segundo o testemunho de vários militares que participaram na Batalha, uma das coisas mais importantes para alcançar a vitória numa guerra é, sobretudo, o moral do pessoal, porque “não basta ter armas potentes e modernas”.
Na célebre Batalha do Cuito Cuanavale, decorrida na província do Cuando Cubango, entre Novembro de 1987 e Março de 1988, todos os prognósticos de base científica apontavam para uma vitória rápida e retumbante do Exército sul-africano.
São atribuídas a este último, em caso de vitória, pretensões para expandir o regime de segregação racial, o apartheid, para além das fronteiras territoriais da África do Sul.
A invasão e tomada de Cuito Cuanavale, no sul de Angola, seria a medida mais assertiva para a concretização de tal intento, que finalmente não viria a acontecer graças à resistência oposta por destemidos combatentes angolanos, apoiados por internacionalistas cubanos enviados por Fidel Castro.
Além do seu patriotismo e força motivacional, a tropa angolana tinha ainda a seu favor as condições geográficas e cartográficas do teatro das operações.
Um só povo, uma só Nação
Todos os angolanos de Cabinda ao Cunene e do Lobito ao Luau, alguns conhecidos e outros anónimos, estiveram representados na luta, numa verdadeira alusão e cumprimento do princípio da unicidade nacional defendido pelo primeiro Presidente, António Agostinho Neto.
O mote segundo o qual “De Cabinda ao Cunene, um só povo e uma só Nação” faz parte do vasto legado de Agostino Neto.
Adelino Cambinda, então tenente, na altura com apenas 20 anos, está entre as testemunhas da gesta do Cuito Cuanavale, onde serviu como escolta de logística, com a responsabilidade de abastecer as tropas em combustível, medicamentos, alimentação, munições e outros bens.
Contou à ANGOP que, para além da insuficiência de meios para contrapor o cordão defensivo imposto pelas tropas contrárias, as forças governamentais angolanas estavam confrontadas com minas terrestres de alto poder destrutivo que dificultavam a sua progressão no terreno.
Para minimizar os efeitos negativos, destacou o papel crucial da comunicação que permitia manter a tropa conectada à realidade do país e do mundo, através de vários programas radiofónicos, com destaque para o “Angola Combatente”.
Entre outros incentivos, este programa transmitia “discursos motivadores” do então comandante-em-chefe, José Eduardo dos Santos, cuja mensagem era reforçada pelo trabalho dos comissários políticos.
Estes últimos estavam presentes em todas as unidades militares, com a missão de manter elevado o moral das tropas, com mensagens optimistas e encorajadoras em torno do slogan “Pátria ou morte, venceremos”. MSM/ALK/FF/IZ
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