Dundo – Cinquenta e sete (57) mil refugiados e requerentes de asilo, maioritariamente da República Democrática do Congo (RDC), vivem em várias regiões de Angola, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a que a ANGOP teve acesso, esta segunda-feira.
De acordo com os dados do ACNUR, 17 por cento entraram no país em 2017, vindos do Grande Kasai (RDC), através das fronteiras com a província da Lunda Norte, devido ao conflito político e éctnico registado, na altura, no país vizinho.
O ACNUR acrescenta que, além de cidadãos da RDC, compõem o grupo cidadãos guineenses, marfinenses, mauritanos, somalis, sudaneses e eritreus, num total de 50 mil pessoas que vivem, regra geral, em áreas urbanas.
Maior fluxo migratório em Angola
Em Junho de 2017, Angola registou o maior fluxo migratório, com a entrada, de 31 mil e 241 cidadãos da RDC, devido aos conflitos políticos e étnicos naquele país. No entanto, registou-se a saída voluntária, em 2018, para o país de origem, de 11 mil e 758 cidadãos.
Este movimento espontâneo, obrigou a que o Governo angolano, em parceria com o ACNUR, criasse, em tempo recorde, um campo de refugiados no Lóvua, com condições humanas básicas, para acolher estes cidadãos.
Em Agosto de 2019, registou-se o repatriamento espontâneo de 14 mil e 724 refugiados, que decidiram abandonar o campo do Lóvua e regressar para a RDC.
Essa atitude motivou um encontro tripartido entre o Governo angolano, o da RDC e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), cujo acordo permitiu um novo processo de repatriamento, mediante o qual dois mil e 912 refugiados regressaram ao país de origem.
Esse processo ficou suspenso devido ao surgimento inesperado da Covid-19.
Actualmente, no campo do Lóvua encontram-se seis mil e 801 refugiados, sendo 1. 319 homens, 1.385 mulheres e 4.097 crianças.
Celebração da efeméride
Para celebrar o Dia Mundial do Refugiado, que hoje, segunda-feira, 20, se assinala, o ACNUR e parceiros desenvolvem actividades artísticas, desportivas e culturais, com a população refugiada, formação para jornalistas, actores da sociedade civil, debates e a divulgação das tendências sobre o deslocamento forçado no mundo.
Para a província de Lunda Norte, estão previstos torneios de futebol feminino e masculino, entre as comunidades refugiadas e angolanas, que acontecerão no assentamento do Lóvua, apresentações de dança, teatro e exposição de brinquedos produzidos por refugiados.
Para marcar a efeméride, no dia 22 de Junho, o ACNUR e parceiros, vão organizar um seminário sobre o direito de protecção e a importância da cobertura jornalística da questão dos refugiados.
Desde 2001, o Dia Mundial do Refugiado é celebrado globalmente em 20 de Junho, de acordo com resolução aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
Para o ACNUR, a data é uma oportunidade para homenagear a coragem, a resiliência e a força de todas as mulheres, homens e crianças forçadas a deixar suas casas devido a guerras, conflitos armados e perseguições.