Mbanza Kongo – Os antigos combatentes e veteranos da pátria, no município de Mbanza Kongo, província do Zaire, apelaram, esta quarta-feira, para a contínua preservação da independência e da paz, duramente conquistadas no país.
Em declarações à ANGOP, por ocasião do Dia da Expansão da Luta Armada de Libertação Nacional, 15 de Março, que hoje se assinala, alguns interlocutores pediram à nova geração para conhecer melhor os feitos por si protagonizados para que sirvam de inspiração.
Domingos João Nkandu, 67 anos de idade, ex-guerrilheiro, lembrou que os angolanos foram colonizados pelo então regime fascista português, durante mais de cinco séculos, até que em 1961 resolveram pegar em armas para se libertar da subjugação.
Referiu-se, também, aos momentos que se seguiram após a conquista da independência nacional, em 1975, em que os angolanos foram mergulhados numa guerra fratricida que culminou apenas em 2002 com a conquista da paz definitiva.
“Foram tempos difíceis e de muita incerteza que devem ficar gravados na memória de todos os angolanos e, sobretudo, da juventude, para que sirvam como momentos de reflexão”, defendeu.
Notou que, uma das formas de honrar a memória dos antigos combatentes e veteranos da pátria é promovendo o espírito patriótico entre a nova geração para que este respeite mais os símbolos nacionais, se engaje nas tarefas da reconstrução do país e preserve o património público.
Por sua vez, a antiga combatente, Ana Formosa Baptista, 64 anos de idade, contou que o 15 de Março representa um momento de dor e tristeza para a sua família, por ser a data em que, em 1961, tombou em combate o seu pai, na localidade de Madimba, município de Mbanza Kongo, na sequência das acções armadas dos guerrilheiros da UPA-FNLA contra a presença colonial.
Disse que se juntou à guerrilha, anos depois, para honrar a memória do seu progenitor e ajudar a libertar o país do jugo colonial português, pelo que considera necessário que a nova geração conheça a história para que dela se inspire.
Pediu mais apoio das autoridades competentes à classe, frisando que os 23 mil kwanzas que recebem de pensão há muito deixaram de satisfazer as necessidades básicas das suas famílias.
Entretanto, o director do Gabinete Provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Domingos Rafael, disse que o valor da pensão poderá aumentar, tão logo que se conclua a segunda fase do processo de recadastramento e prova de vida dos assistidos, em curso desde Janeiro deste ano no país.
Informou que o sector no Zaire controla um universo de quatro mil e 933 dependentes que recebem pensão mensal.
Explicou que, o grupo engloba antigos combatentes e veteranos da pátria, presos políticos, deficientes físicos de guerra, viúvas de combatentes tombados, órfãos e ascendentes dos antigos combatentes e veteranos da pátria.
Sabe-se que, a nível do Zaire, está previsto o recadastramento e prova de vida de pelo menos mil e 207 antigos combatentes e familiares, nesta segunda fase do processo que decorre nos municípios de Mbanza Kongo, Soyo, Nzeto, Tomboco, Nóqui e Cuimba.
O 15 de Março, nesta região, foi marcado com a deposição de uma coroa de flores no busto do soldado desconhecido, localizado no bairro Sagrada Esperança, pelo governador provincial, Adriano Mendes de Carvalho.
O 15 de Março foi instituído como dia da Expansão da Luta Armada de Libertação Nacional, porque foi nesta data em que a UPA (União dos Povos de Angola) desencadeou uma vaga de ataques no norte de Angola que visou esquadras policiais, postos administrativos e fazendas de colonos portugueses que ali escravizavam os angolanos. PMV/JL