Luanda – O Presidente da República Centro-Africana (RCA), Faustin-Archange Touadéra, chegou esta quinta-feira a Luanda, para uma visita de trabalho de algumas horas a Angola.
O estadista centro-africano, que se vai renunir com o Presidente angolano, João Lourenço, foi recebido no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro pelo secretário de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, Domingos Custódio Vieira Lopes, entre outras entidades.
Regularmente, o Presidente Touadéra tem mantido informado o Chefe de Estado angolano sobre o processo de pacificação na República Centro Africana.
Na sua qualidade de presidente em exercício da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), João Lourenço tem desenvolvido iniciativas para a paz e estabilidade nesse país.
O cessar-fogo foi saudado pela CIRGL, considerando-a como o reconhecimento de que o diálogo aberto e construtivo entre todos as forças vivas é a melhor via para o alcance da paz e estabilidade tão anseiada pelo povo centro-africano.
Uma declaração divulgada domingo, em Luanda, refere que o Presidente em Exercício da CIRGL, João Lourenço, tomou conhecimento, com bastante satisfação, da decisão unilateral de cessar-fogo em todo o território da RCA.
Acrescenta que a CIRGL congratula-se com os avanços registados e exorta a todos os actores políticos e militares a cumprirem com o cessar-fogo e os princípios do Acordo Político para Paz e Reconciliação na República Centro Africana (APPR-RCA).
Situação na RCA
Na última sexta-feira (15), o Presidente da República Centro-Africana, Faustin-Archange Touadéra, anunciou um cessar-fogo unilateral, por parte do exército no conflito com grupos rebeldes, que aceitaram a trégua, à excepção de duas importantes organizações.
O anúncio surge em consequência dos esforços empreendidos pela Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL).
Desde o golpe de Estado perpetrado pelo grupo rebelde “Seleka“, que conduziu à queda de François Bozizė, ex-Presidente centro-africano, o país esteve mergulhado numa situação de insegurança crescente.
As populações foram obrigadas a deixar as suas aldeias, face aos violentos confrontos de carácter étnico e religioso.
Desde Dezembro de 2020, cerca de 60 mil cidadãos fugiram da violência, que assola a RCA, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
O actual Chefe de Estado, Faustin-Archange Touadéra, venceu as presidenciais de 27 de Dezembro último, com 53,16 por cento dos votos, contra 21,69 por cento do seu principal adversário, o antigo primeiro-ministro Anicet Georges Dologuéle.
As eleições decorreram num contexto de insegurança. Dez dias antes do pleito, seis dos mais poderosos grupos armados da RCA, que controlam dois terços do território e cuja maioria apoia o antigo Presidente François Bozizė (cuja candidatura foi invalidada), aliaram-se à Coligação dos Patriotas para a Mudança.
Estes grupos armados lançaram, a 19 de Janeiro, uma nova ofensiva em direcção à capital Bangui, para impedir a reeleição do Presidente Touadera e a realização do escrutínio.
O ataque foi repelido pelas tropas centro-africanas, com o apoio de cerca de 12 mil "capacetes azuis" da MINUSCA, a força da ONU de manutenção da paz, e de para-militares russos.
A CIRGL foi criada com o objectivo de resolver questões de paz e segurança, após os conflitos políticos que assolaram a região, em 1994.
Os países membros CIRGL são: Angola, Burundi, Congo, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Rwanda, Sudão, Sudão do Sul, República Unida da Tanzânia, Uganda e Zâmbia.