Lusaka (Do enviado especial) - O Vice-presidente da República, Bornito de Sousa, testemunha terça-feira (24), em representação do Chefe de Estado, João Lourenço, a investidura do Presidente eleito da Zambia, Hakainde Hichilema.
Bornito de Sousa chega segunda-feira (23) a capital zambiana, com uma delegação que integra a secretaria de Estado para as Relações Exteriores, Esmeralda Mendonça, e altos funcionários do seu Gabinete, informa, em nota, o gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa dos Órgãos de Apoio ao Vice-presidente da República.
A cerimónia de posse do novo Presidente da Zâmbia vai decorrer no Heroes Stadium (Estádio dos Heróis), em Lusaka, na presença de distintas personalidades da sociedade zambiana, representantes de Estado e de Governo de vários países e organizações internacionais.
O Heroes Stadium, com capacidade para 50 mil pessoas, é uma homenagem à catástrofe aérea que assolou os jogadores da selecção zambiana, a 27 de Abril de 1993 no Oceano Atlântico. A tragédia matou todos os jagadores da selecção.
Antigos presidentes
Kenneth Kaunda foi o primeiro presidente da Zâmbia após a independência do país do Reino Unido. Governou entre 1964 e 1991. Foi sucedido por Frederick Chiluba, do Movimento para a Democracia Multipartidária.
Levy Mwanawasa, sucessor de Frederick Chiluba, presidiu a Zâmbia de 2002 até à sua morte, em Agosto de 2008.
Após a morte de Levy Mwanawasa, Rupiah Banda chefiou a Zâmbia como Presidente interino antes de ser eleito Presidente em 2008.
Rupiah Banda deixou o cargo depois de ter sido derrotado nas eleições de 2011, pelo líder da Frente Patriótica, Michael Sata, que morreu em 28 de Outubro de 2014 – este foi o segundo Presidente da Zâmbia a falecer no cargo.
Guy Scott teve um breve mandato como Presidente interino até à realização de novas eleições, em 20 de Janeiro de 2015, em que saiu vencedor Edgar Lungu.
Perfil do novo Presidente da Zâmbia
Hakainde Hichilema, 59 anos, foi candidato pelo Partido Unido para o Desenvolvimento Nacional (UPND), derrotando por uma diferença de mais de um milhão de votos, o candidato da Frente Patriótica (FP), Edgar Lungu, Presidente cessante, que governou a Zâmbia desde 2015.
O empresário, também conhecido por “HH” ou “Bally”, obteve um total de 2.801.757 votos, contra 1.814.201 de Edgar Lungu, num escrutínio que registou uma elevada afluência às urnas.
Esta foi a terceira vez que Hichilema, um dos maiores criadores de gado na Zâmbia, enfrentou o Presidente cessante Edgar Lungu nas urnas. Em 2016, perdeu por apenas 100 mil votos.
Hakainde Hichilema prometeu reformas políticas, económicas e democráticas para facilitar investidores. O economista disse que vai ajudar o país a melhorar a situação da dívida. HH promete, também, tolerância zero à corrupção na Zâmbia.
O Presidente eleito afirma-se como um rapaz do gado, por ser um dos maiores criadores da Zâmbia. Formou-se em Economia e administração das empresas pela Universidade de Birmingham, no Reino Unido.
De 2006 a 2021, Hichilema disputou um total de seis eleições, perdeu cinco e ganhou a última disputa presidencial com o apoio do seu partido Unido para o Desenvolvimento Nacional (UPND) e de outras forças políticas da oposição zambiana.
Hakainde Hichilema, casado e pai de três filhos, nasceu no distrito de Monze, no sul da Zâmbia, em 1962.
Felicitações
Após a confirmação dos resultados eleitorais, o Presidente João Lourenço endereçou uma mensagem de felicitações a Hakainde Hichilema, notando que a vitória alcançada "traduz a vontade e a esperança do povo zambiano, numa liderança que incremente de forma activa e dinâmica, todas as iniciativas capazes de promover a realização dos grandes interesses da nação zambiana."
O Chefe de Estado angolano manifestou-se convicto que durante o mandato de Hakainde Hichilema, Angola e a Zâmbia continuarão a trabalhar no sentido de intensificar a realização de acções de cooperação de interesse recíproco, que contribuam para o reforço das históricas relações de amizade entre os dois Povos e Nações
Cooperação bilateral
A cooperação entre Angola e Zâmbia tem estado em constante expansão no âmbito da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), privilegiando essencialmente os sectores Político, de Defesa e Segurança, dos Transportes, da Educação, da Saúde, da Agricultura e Geologia e Minas.
Em termos de investimentos privados, entre 1995 e 2019 foram registados apenas dois projectos da Zâmbia, onde vive a segunda maior comunidade de angolanos na diáspora, estimada em 100 mil pessoas.
A Zâmbia, um país sem costa marítima, está limitado a norte pela República Democrática do Congo e pela Tanzânia, a leste pelo Malawi, a sul por Moçambique e a oeste por Angola.
A cidade de Lusaka é a capital do país e o inglês é a língua oficial.
Membro da Organização das Nações Unidas (ONU), da União Africana (UA), da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da Commonwealth, tem uma população de perto de 20 milhões de habitantes, tendo a economia dependente, em grande medida, do cobre, de que é um dos maiores produtores do mundo, representando 90 por cento das exportações.
