Catumbela - A comunidade cabo-verdiana em Angola pediu hoje, em Benguela, ao Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, para ajudar no processo de regularização de documentos que atestam a sua nacionalidade originária.
Falando à margem do encontro do Presidente Jorge Carlos Fonseca com a comunidade cabo-verdiana, na Administração Municipal de Benguela, o cônsul honorário de Cabo-Verde nesta província, Jorge Gabriel, lembrou que a comunidade mais antiga, aquela que chegou nos anos 1948, continua com alguns documentos “pendentes”.
Jorge Gabriel, angolano descendente de cabo-verdianos, expressou o desejo de ver resolvida essa questão que, embora de Estado, tem tirado o sono aos cabo-verdianos mais antigos na província de Benguela.
Em causa estão documentos como cédula consular, cartão de cidadão e passaporte, com o responsável a reconhecer que o preço da renovação, por exemplo do passaporte, na Embaixada de Cabo Verde em Luanda, não está ao alcance de todos, pois alguns não trabalham.
É por causa disso que o cônsul honorário em Benguela augura que essa visita do Chefe de Estado cabo-verdiano à província abra uma nova perspectiva para a resolução deste problema, uma vez que a comunidade já vai na terceira e quarta geração, sendo das mais dinâmicas na região.
Defende ainda o reforço dos protocolos de cooperação rubricados entre os dois governos nos sectores cultural, formação e do turismo , em prol da continuidade da família cabo-verdiana, através dos seus descendentes.
Ermelindo Costa, responsável da comunidade cabo-verdiana em Benguela, sugeriu algumas medidas para apoiar os cidadãos oriundos do arquipélago e seus descendentes, como a redução do valor dos emolumentos para o tratamento dos documentos legais que conferem a nacionalidade do seu país.
Para ele, adquirir a nacionalidade cabo-verdiana é possível, mas não tem sido tarefa fácil por causa dos custos para a obtenção dos documentos exigidos. “É uma questão que temos vindo a levantar e defendemos que o governo ajudasse a resolver a situação.”
Pelo contrário, o interlocutor receia que a mais antiga comunidade cabo-verdiana instalada em Benguela corra o risco de desaparecer, sem os documentos que permitiram aos seus descendentes solicitar a nacionalidade do país de origem.
“Devia-se abrir uma excepção, porque a Constituição Cabo-verdiana permite que até à terceira geração pode obter a nacionalidade, mas tem trâmites legais e os valores são altos”, reforça, considerando ainda que Benguela já merecia ter um cônsul efectivo, porque a comunidade é numerosa.
Na província de Benguela vivem actualmente mais de 200 cidadãos nascidos em Cabo-Verde e milhares de descendentes.