Diplomacia do PR viabiliza electricidade e água ao Sul do país

     Política           
  • Luanda     Sexta, 01 Outubro De 2021    18h31  
Ponto de captação e abastecimento de água
Ponto de captação e abastecimento de água
José Cachiva

Luanda – O entendimento alcançado entre Angola e a empresa “Sun Africa”, para a electrificação e fornecimento de água à região sul do país, constitui realce da visita do Presidente da República, João Lourenço, a Washington.

Este acto e a homenagem da Fundação Internacional para a Conservação do Ambiente (ICCF) ao estadista, pelas suas iniciativas a favor do ambiente, destacaram-se da visita de João Lourenço, cujo destino foi Nova Iorque, onde participou no debate geral da 76ª sessão da Assembleia Geral da ONU.

No primeiro acontecimento, Angola e o grupo americano “Sun Africa” assinaram um Memorando de Entendimento para a instalação de sistemas solares e de água nos municípios e comunas das províncias do Cunene, Namibe, Cuando Cubango e da Huíla, num projecto avaliado em 1,5 mil milhões de dólares, a ser implementado por essa firma, que já opera em Benguela.

A “Sun Africa” vai mobilizar os recursos financeiros junto do EximBank dos EUA, para cobrir as necessidades do projecto, a fim de atender uma vasta área do sul do país, onde há grande dispersão populacional e dificuldades em fazer chegar energia eléctrica e água, segundo o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges.

O governante, que assinou o documento pela parte angolana, na presença do Presidente João Lourenço, disse que o objectivo é fornecer energia eléctrica e água para potenciar empreendimentos económicos e subsequente emprego.

Para uma região ciclicamente atingida por secas severas (nos últimos anos afectou mais de 200 mil famílias e milhares de cabeças de gado), esse projecto, a ser implementado num período estimado em dois anos é, sem dúvidas, um significativo  ganho para a população local.

“A electrificação vai ser feita quer por soluções convencionais, com a extensão de linhas e a construção de subestações, quer utilizando energia solar, área em que os Estados Unidos da América são um dos países líderes, principalmente em instalação desses sistemas em regiões recônditas, onde essa solução é a mais disponível e acessível”, afirmou.

A participação do Chefe de Estado na Gala Anual da Fundação Internacional para a Conservação do Ambiente (ICCF), na qual foi distinguido pela sua liderança em matéria de conservação ambiental, também  se destacou, na visita à capital dos EUA, de 19 a 22 de Setembro.

A ICCF é uma fundação educacional apartidária com sede em Washington, cuja missão é "promover a liderança dos EUA na conservação internacional, por meio de parcerias públicas e privadas, e desenvolver a próxima geração de líderes conservacionistas no Congresso dos EUA”.

Ao discursar no evento, presenciado pelo Presidente da Colômbia, Ivan Duque Márquez, e por outras altas personalidades, João Lourenço anunciou o início de negociações entre Angola e a empresa americana “African Parks”, para uma parceria público-privada, co-gestão e desenvolvimento dos parques naturais do Luengue-Luiana e Mavinga, tendo sido Assinado um Memorando de Entendimento.

A iniciativa demonstra a preocupação com a conservação dessa região, “a última fronteira selvagem no Sul de África, que compreende rios e lagos que abastecem o Delta do Okavango, no Botswana, e habitats naturais críticos para migração das maiores populações de elefantes restantes em África, e que começam a regressar para Angola, vindos  da  Namíbia, do Botswana e da Zâmbia”, como referiu João Lourenço.

Com vasta experiência técnica no domínio da conservação e administração de parques naturais, a “African Parks” encarregar-se-á do financiamento do projecto, que incluirá outros parceiros internacionais e locais, como a Panthera, a Acadir e a DBDS.

Outra revelação importante do Presidente foi a de que o Governo angolano e agências internacionais como a USAID, o Fundo Global para o Ambiente e a “Conservation International” trabalham no sentido de garantir o apoio técnico e financeiro para estabelecer programas de protecção dos ecossistemas e do ambiente.

Também revelou que Angola será o terceiro signatário do Protocolo Contra o Tráfico Ilícito das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens, comprometendo-se a adoptar legislação adequada que tipifique como crime o tráfico da vida e partes de animais selvagens.

Para o estadista angolano, a abertura de corredores ecológicos vai permitir aos elefantes circular livremente entre as fronteiras que formam o projecto transnacional, sendo relevante o desenvolvimento e protecção desses parques naturais, afectados nas últimas décadas pelo conflito armado.

Trata-se, na verdade, de uma iniciativa que perspectiva a criação de um novo ambiente de negócios e o desenvolvimento sustentável em prol das comunidades locais e de todos os angolanos, com garantia de emprego para a população.

“Na nossa agenda de reformas, a diversificação da economia, o turismo e o ecoturismo têm um papel crucial na criação do emprego”, sublinhou João Lourenço, que, a propósito, encorajou empresários americanos a continuarem a investir nos diversos sectores da economia em Angola.

Confiante numa resposta positiva ao seu convite, o Presidente não se inibiu de considerar os EUA um verdadeiro parceiro estratégico, de quem, para além do investimento privado, o país tem beneficiado de ajuda no combate à corrupção e ao branqueamento de capitais, ao HIV/Sida, à malária e à Covid-19.

As audiências, em separado, que João Lourenço concedeu ao conselheiro de Segurança Nacional do Presidente dos Estados Unidos, Jake Sullivan, e a líderes parlamentares americanos, constituíram igualmente factos relevantes da visita de trabalho a Washington.

Numa breve declaração aos jornalistas angolanos, o principal conselheiro do Presidente Joe Biden para questões de segurança nacional considerou a audiência "muito boa”, esperando fazer “muito boas coisas" entre os dois países.

Resumindo o teor da conversa, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, disse que o papel que Angola tem jogado na resolução de conflitos em África foi o tema que dominou a audiência a Jake Sullivan, bem como a protecção da segurança marítima, não só no Golfo da Guiné, mas também na Zona do Atlântico Sul.

“Todas as componentes que caracterizam uma cooperação estratégica estão no bom caminho em relação aos Estados Unidos da América”, vincou o ministro, referindo-se ao instrumento assinado em 2010.

Na capital americana, João Lourenço visitou o Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, onde defendeu uma relação de proximidade entre os países africanos e a comunidade afro-americana.

“O sofrimento que os nossos irmãos passaram no tempo do esclavagismo toca-nos profundamente. Por esta razão, temos que estabelecer uma relação mais próxima entre os nossos países africanos e a nossa diáspora, uma parte da qual se encontra aqui nos Estados Unidos da América”, referiu João Lourenço.

Este gesto solidário e humanitário do Chefe de Estado é de grande alcance, pois uma boa parte da comunidade afro-americana diz-se abandonada pelos seus ascendentes e pelo Continente Africano.

Nos Estados Unidos da América, é comum um afro-americano proferir o seguinte quando se cruza com um visitante africano: “Vocês nos abandonaram”. Isso, às vezes, dito com um sentimento de revolta e rancor.

Por isso, o repto do Presidente angolano é  relevante, pois, se antes os países africanos nada podiam fazer em relação aos seus “irmãos” levados como escravos para fora das fronteiras continentais, agora, que quase todos estão independentes do colonialismo, devem empreender a devida e necessária aproximação com os seus descendentes.

Durante a visita ao museu, registou-se um momento emocionante: o diálogo, antes do “tour”, com a família Tucker, a quem o Presidente convidou para visitar Angola e partilhar a sua experiência com o Arquivo Nacional, as universidades e as comunidades angolanas.

“Hoje é esta família, amanhã será outra, por  forma a manter a ligação com as suas origens, com o continente africano”, vincou o estadista angolano.

A família Tucker, afro-descendente e reside no Estado de Virgínia, é detentora da William Tucker 1624 Society, que realiza pesquisas sobre a vida de William Tucker e de seus descendentes.

“À medida que percebemos a força e a resiliência dos africanos que construíram e povoaram os Estados Unidos da América, documentamos, preservamos e compartilhamos suas narrativas”, lê-se no site da organização.

Durante a sua estada em Washington, João Lourenço também recebeu em separado os  presidentes da “African Parks”, do ICCF, da “Mars, INC e da Conservation Internacional, respectivamente Peter Fearnhead, John Gantt, Frank Mars e M. Sanjayan.

O ministro Téte António destacou a disponibilidade dessas figuras em investir em projectos ambientais em Angola, frisando que pelos anúncios feitos, a partir de Janeiro de 2022, haverá investimentos americanos a fluir para a área da conservação da natureza, incluindo parques.

João Lourenço também concedeu uma entrevista ao jornal americano “The Washington Post”, fundado em Dezembro de 1877. De maior circulação na capital dos EUA, é o segundo Diário do país, depois do “New York Times”.

Os ministros e outros responsáveis que acompanharam o Presidente participaram numa mesa redonda promovida pela  Câmara de Comércio Estados Unidos da América-Angola, que teve como nota a participação de empresas americanas, antes ausentes em eventos organizados por Angola.

O que se augura, depois da intensa diplomacia político-económica desenvolvida pelo mais alto mandatário do país, é que acções concretas sejam implementadas, conforme prometido, pelas entidades e empresas com as quais foram assinados importantes memorandos de entendimento, para o benefício da população.





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