Benguela – Ex-militares na província de Benguela consideram positiva a forma como o Governo angolano conduziu o processo de reintegração sócio-produtiva, desde 1992, procurando “não deixar ninguém para trás”.
Trata-se de um processo iniciado em 1992, no âmbito dos acordos de paz em Angola, tendo já beneficiado um total de 175 mil e 291 ex-militares, em todo o país, dos 241 mil e 400 previstos.
Os desmobilizados de guerra, entre os quais deficientes, veteranos da pátria e antigos guerrilheiros falavam à ANGOP após o encerramento do processo que permitiu a reintegração de cinco mil e 513 ex-militares, no caso particular da província de Benguela.
Antigo militar, Manuel César Lúcio, hoje agricultor, agradece o gesto do Governo pela entrega de um tractor e respectivas alfaias, incluindo um atrelado com capacidade para quatro toneladas de produtos agrícolas.
Também presidente da cooperativa dos ex-militares da comuna da Babaera, no município da Ganda, Lúcio gaba-se de ver realizado o sonho da cooperativa, onde 118 ex-militares já desistiram justamente por falta de um tractor.
“Éramos 250 membros e ficamos com 132 associados, porque as promessas tardavam”, frisou, acrescentando que, ao contrário dos que desistiram, sempre acreditou que esse dia chegaria, “mais tarde ou mais cedo”.
Agora que a cooperativa vai deixar de cultivar manualmente, Manuel César Lúcio aponta como desafio o aumento da produção do milho, massambala, batata-doce, batata-rena, abacaxi e mandioca.
“Tudo vai mudar. Produzimos apenas 100 hectares manualmente. Agora vamos triplicar”, contou, perspectivando bons rendimentos doravante.
Opinião semelhante tem Bernardo Cativa, da cooperativa dos ex-militares do Chongoroi, que garante ser o primeiro tractor e respectivas alfaias recebido e que a produção vai para frente e “vamos combater a fome”.
Nesse sentido, diz-se optimista de que a vida dos 96 membros da cooperativa será muito melhor do que no passado.
Por seu turno, António Manuel Kuleyala, 57 anos, também agradeceu ao Governo pela motorizada que lhe foi entregue, para desenvolver a actividade de moto-táxi pelas ruas e bairros da cidade de Benguela.
“Nunca me concederem nenhuma coisa. Então, hoje tenho uma mota na mão e isso é de agradecer”, frisou António Manuel Kuleyala, que chegou a perder toda a esperança ao longo dos anos e por isso está surpreendido com o gesto das autoridades.
Satisfeito, o antigo combatente considera positivo o programa traçado pelo Governo, embora tivesse sugerido que os ex-militares mereciam também ser inseridos na Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas, à semelhança dos oficiais.
Pedro Malulo, um ex-militar das extintas FAPLAS, lembra com nostalgia os colegas que já faleceram na esperança da reintegração sócio-produtiva.
De qualquer maneira, reconhece o esforço do Governo, que tudo fez para ninguém ficasse atrás, não obstante as dificuldades conjunturais.JH/CRB
