Ganhos da Batalha do Cuito Cuanavale exaltados na ONU

     Política           
  • Luanda     Sábado, 23 Março De 2024    20h04  
Sede das Nações Unidas
Sede das Nações Unidas
Pedro Parente

Luanda - Os ganhos da Batalha do Cuito Cuanavale foram exaltados, sexta-feira (22), durante as comemorações do Dia da Libertação da África Austral, pela primeira vez, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.

De acordo com uma nota de imprensa a que a ANGOP teve acesso, o evento, organizado pelos Estados-membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), teve como orador principal o presidente da 78ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, Dennis Francis.

Na ocasião, Dennis Francis destacou a transformação histórica desta região de um passado repleto de dominação racial, injustiça, lutas de libertação e conflitos, para um presente marcado pela paz, pela prosperidade e por "grandes esperanças" de um futuro melhor.

Acrescentou que o crédito por esta transformação pertence ao povo da África Austral e à sua liderança visionária, que, com determinação e bravura inabaláveis, lutou contra a tirania, o colonialismo e o apartheid.

Na sua alocução, homenageou os heróis e heroínas anónimos como os verdadeiros gigantes, e as figuras imponentes da história como Agostinho Neto, Nelson Mandela, Desmond Tutu, Sam Nujoma, Robert Mugabe, Eduardo Mondlane e Samora Machel.

Por outro lado, afirmou que a SADC continua a desempenhar um papel construtivo no sistema das Nações Unidas em múltiplas áreas, desde a paz e segurança e cooperação regional.

“As intervenções de paz da SADC no Lesoto, em Madagáscar e em Moçambique servem como exemplos admiráveis do papel dos organismos regionais na prevenção de conflitos e na resolução pacífica de disputas, ao mesmo tempo que prestam apoio ao fortalecimento dos processos e instituições democráticas” sustentou o presidente da 78.ª sessão da Assembleia Geral da ONU.

Dennis Francis salientou ainda que as contribuições da SADC para as missões de manutenção da paz lideradas pela ONU, tais como o envio de tropas para o Leste da República Democrática do Congo, são louváveis e dignas de nota.

A nível continental, referiu que os membros da SADC contribuíram para garantir o alinhamento do Acto Constitutivo da União Africana e do Protocolo Relativo ao Estabelecimento do Conselho de Paz e Segurança da União Africana com os princípios e valores da Carta das Nações Unidas.

Além disso, disse que a SADC demonstrou grande liderança na abordagem aos desafios globais, desde as alterações climáticas à pandemia da COVID-19, enquanto trabalha para promover a igualdade de género, o empoderamento das mulheres e o desenvolvimento da juventude.

Por seu turno, o Representante Permanente da República Democrática do Congo (RDC), embaixador Zenon Ngay Mukongo, na sua qualidade de membro da Troika da SADC, lembrou que a data de 23 de Março como Dia da libertação da África Austral, foi instituída pela Cimeira de Chefes de Estado da SADC em 2018, para prestar homenagem à libertação da região em reconhecimento à Batalha do Cuito Cuanavale.

Realçou que a batalha decisiva foi travada a 23 de Março de 1988, pôs fim a uma guerra prolongada, que resultou num movimento pela paz contínua, negociações, que culminaram com a assinatura dos Acordos de Nova Iorque em 22 de Dezembro deste ano -um acordo tripartido entre Angola, Cuba e África do Sul sobre a implementação da Resolução 435/78 do Conselho de Segurança da ONU.

“A implementação da resolução 435/78 do Conselho de Segurança abriu caminho à libertação de Nelson Mandela da prisão (11 de Fevereiro de 1990), à independência da Namíbia (21 de Março de 1990) e ao colapso do apartheid, dando lugar a uma nova página de liberdade na África do Sul (1994)”, ressaltou.

Passados 36 anos, reiterou que os Estados membros da SADC estão comprometidos com os princípios e objectivos consagrados no Tratado da SADC, nomeadamente: alcançar o desenvolvimento e o crescimento económico; aliviar a pobreza; melhorar o padrão e a qualidade de vida da população da África Austral; promover e defender a paz e a segurança; e incluindo a realização da Agenda 2063 da UA e da Agenda 2030 da ONU.

O evento comemorativo do Dia da Libertação da África Austral, na sede da Organização das Nações Unidas em Nova Iorque, contou ainda com as intervenções dos representantes do Grupo Africano, da Missão de Observação da União Africana, do Grupo de Países Árabes, do Grupo Regional Asia-Pacífico e da República de Cuba. 

 

Rwanda junta-se à festa

As embaixadas do Grupo SADC no Rwanda também se juntaram às celebrações do 23 de Março, em Kigali, com um vasto programa de actividades iniciado na véspera com uma conferência de imprensa sobre o tema em questão.

Ao lado de Angola, marcaram presença países como a África do Sul, Moçambique, a República Democrática do Congo (RDC), a Tanzânia e o Zimbabwe, entre outros.

Durante o contacto com a imprensa, o embaixador de Angola no Rwanda, Eduardo Filomeno Barber Leiro Octávio, enalteceu a importância da Batalha do Cuito Cuanavale, que caracterizou como o maior confronto militar da guerra em Angola, decorrido de 1987 a 1988.

Explicou que, nesse confronto, homens e mulheres que integravam as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) puseram em evidência todo o seu saber de forma organizada e destemida ao travar  uma invasão que tinha como fim perpetuar o sistema do apartheid na África Austral e manter o regime de segregação racial.

Outro momento das comemorações foi marcado por manifestações desportivas e culturais que reuniram os representantes diplomáticos do Grupo SADC no Rwanda, desde as primeiras do dia 23 de Março, para demonstrarem as suas habilidades e dotes desportivos.

Participaram numa entusiasmada partida de futebol e de atletismo, onde se destacaram alguns diplomatas que foram efusivamente aplaudidos pela sua alta performance.
O programa das comemorações do 23,de Março, Dia da Libertação da África Austral no Rwanda, culminou com um convívio cultural e projecção de vídeos dos momentos ímpares que marcaram a histórica da Batalha do Cuito Cuanavale.

A actividade foi encerrada com a intervenção do embaixador Eduardo Filomeno Barber Leiro Octávio, que recordou aos presentes a importância significativa desse facto histórico, por ter marcado a derrota do Exército do regime do apartheid da África do Sul.

Por seu turno, realçou, essa derrota permitiu ao povo namibiano proclamar  a sua Independência, a 21 de Março de 1990, e eternizou-se na história recente de Angola e de África, e dos Estados-membros da SADC, em particular, que adoptaram o 23 de Março como o “Dia da Libertação da África Austral”.SC





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