Luanda - Jornalistas de órgãos públicos e privados de comunicação social denunciaram, esta quarta-feira, no município de Viana, Luanda, actos de intimidação protagonizados por supostos militantes e simpatizantes do partido UNITA.
O facto ocorreu quando os visados tentavam reportar sobre a reunião da Comissão Política da UNITA, destinada a estabelecer a data do Congresso Ordinário do partido que vai eleger a nova direcção, depois da destituição do elenco saído do conclave de 2019.
A reunião do Comité Permanente surge na sequência da recente anulação, pelo Tribunal Constitucional, do XIII Congresso Ordinário do partido, realizado em Novembro de 2019, que havia confirmado Adalberto Costa Júnior na presidência da UNITA.
Em declarações à imprensa, jornalistas da Televisão Pública de Angola (TPA) afirmaram que terão, inclusive, sido alvo de "agressão e arremesso de pedras", denúncias ainda não confirmadas pela Polícia Nacional.
Os profissionais disseram que tiveram de ser escoltados por agentes da ordem para poderem sair ilesos do local da reunião, onde militantes da UNITA se manifestavam, na parte exterior, para exigirem a recondução de Adalberto Costa Júnior.
A propósito das denúncias, o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, condenou os actos de agressão, sublinhando que os jornalistas não podem ser molestados e intimidados no exercício das suas funções.
O sindicalista disse ter mantido um encontro com os "manifestantes" da UNITA e recebeu garantias de que actos do género não voltarão a ocorrer.
"É necessário compreender que nenhum jornalista sai da sua casa para fazer um mau trabalho, porém estão limitados ao respeito de uma linha editorial que não depende deles", declarou Teixeira Cândido à imprensa, no local.
Até à realização do seu próximo Congresso, a UNITA é liderada por Isaías Samakuva, candidato derrotado nas eleições de 2008, 2012 e 2017, todas ganhas pelo MPLA.
Adalberto Costa Júnior, candidato vencedor do Congresso de 2019, foi destituído do cargo na sequência da anulação desse conclave, pelo Tribunal Constitucional, pelo facto de ter dupla nacionalidade no período em que concorreu ao cargo.
Os manifestantes a favor de Adalberto Costa exigem que o partido parta para o novo conclave com lista única, posição que o actual presidente, Isaías Samakuva, já disse discordar, por entender ser um retrocesso para o processo democrático do partido.