Ondjiva – Pelo menos 200 cidadãos angolanos e namibianos tentam atravessar irregulamente a fronteira entre os dois países todos os dias, apesar de encerrada, como medida de prevenção contra o alastramento da Covid-19.
Segundo o relatório da segurança na fronteira com a Namíbia, durante o segundo trimestre de 2021 foram registadas mil 478 violações da fronteira, mais 614 relativamente ao período similar de 2020.
Foram interpelados quatro mil 945 indivíduos, sendo quatro mil 620 angolanos e 325 estrangeiros, quando tentavam transpor a fronteira no sentido Angola/Namíbia e vice-versa.
As transgressões tiveram maior incidência nos marcos 5, 12, 16, 19 e 22, com relevância para a emigração ilegal e a fuga ao fisco.
O segundo comandante provincial da Polícia Nacional no Cunene, subcomissário João Paiva, disse que a fronteira apresenta vulnerabilidades por insuficiência de meios de trabalho.
O Cunene partilha uma fronteira de 460 quilómetros com a Namíbia, 340 dos quais são terrestres, com apenas 20 quilómetros de arame e marcos em intervalos de 10 quilómetros, o que dificulta a cobertura.
"É uma fronteira bastante vasta, pelo que é necessário trabalhar-se mais para evitar as constantes violações da mesma", afirmou o oficial, solicitando maior engajamento de todas as forças envolvidas no controlo da fronteira.
João Paiva afirmou que houve um reforço do efectivo da Polícia de Guarda Fronteira e da Ordem Pública, a fim de reduzir o fluxo de imigrantes ilegais.
Segundo o responsável policial, a procura de bens e serviços, como educação, saúde, negócios precários e questões familiares estão na base das violações.
Outro factor tem a ver com o regresso de muitos cidadãos nacionais, sobretudo jovens, que trabalhavam em fazendas na Namíbia, por causa do agravamento da situação da Covid-19 no país vizinho.