Dundo – Mais de 600 refugiados da República Democrática do Congo (RDC), albergados no campo do Lóvua, província da Lunda Norte, desde Maio de 2017, manifestam interesse em regressar ao país de origem.
A informação foi prestada hoje, terça-feira, no Dundo, pelo chefe do escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) na Lunda Norte, Chrispus Tebid, sublinhando que os mesmos começam a ser repatriados a partir de Julho do ano em curso.
Disse que actualmente o Governo angolano e o ACNUR estão a criar as condições logísticas para que o processo suspenso em 2020, devido ao surgimento inesperado da pandemia da Covid-19, retome em Julho.
O responsável acredita que o número de refugiados interessados em regressar ao país de origem, pode aumentar até Julho.
Revelou que a maioria dos refugiados continuam com receio de regressar à RDC e manifestam o interesse em permanecer em Angola, “porque sentem-se mais seguros, acolhidos e protegidos aqui”.
Reintegração socioeconómica
Três escolas, com oito salas de aula cada, foram construídas e entregues ao Centro de Assentamento do Lóvua, em Fevereiro de 2019, para facilitar a inserção das crianças refugiadas no sistema de educação.
O sistema de ensino no assentamento vai da primeira à oitava classe e, anualmente, são matriculados mais de dois mil alunos.
O processo, que abrange também, a alfabetização, onde, em cada ano, a cifra tem sido de 500 refugiados que aprendem a ler e a escrever, a partir dos módulos 1, 2 e 3, é assegurado por 13 professores e conta com o apoio do Ministério da Educação.
A par da educação, 600 refugiados estão inseridos na agricultura familiar, comércio e empreendedorismo.
A agricultura familiar conta com o apoio do Gabinete Provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas na Lunda-Norte, que garante materiais de trabalho, sementes, fertilizantes e assistência técnica.
Histórico
Em Junho de 2017, Angola registou o maior fluxo migratório, com a entrada de 31 mil 241 cidadãos da RDC, devido aos conflitos políticos e étnicos naquele país. No entanto, em 2018, registou-se o regresso voluntário de 11 mil 758 cidadãos.
Em Agosto de 2019, registou-se o repatriamento espontâneo de 14 mil 724 refugiados, que decidiram abandonar o campo do Lóvua e regressar à RDC.
Essa atitude motivou um encontro tripartido entre os governos angolanos e congolês-democrático e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, cujo acordo permitiu um novo processo de repatriamento, mediante o qual dois mil 912 refugiados regressaram ao país de origem.
Actualmente, encontram-se no campo do Lóvua seis mil 998 refugiados, dos quais cinco mil 582 são crianças dos 0 aos 17 anos de idade.