Dundo - O processo-crime contra o director do Museu Regional do Dundo, Ilunga André, acusado do crime de furto qualificado, foi arquivado, esta segunda-feira, por insuficiência de provas, apurou a ANGOP.
Segundo um despacho do Ministério Público (MP) junto do Tribunal de Comarca do Chitato, na província da Lunda Norte, foram igualmente arquivados os processos-crimes contra os outros dois funcionários do Museu, indiciados no mesmo crime.
O MP ordena também a devolução ao museu dos meios apreendidos e a cessação dos impedimentos e restrições que haviam sido aplicadas aos indiciados.
De acordo com o MP, após a avaliação dos autos, verificou-se que os indícios, "já fracos desde o início, fragilizaram-se ainda mais e a prova colhida na instrução demonstrou, claramente, que o facto criminoso não existiu". Tratava-se de “um delito aparente”.
Em Abril deste ano, a peça "Mwana Pwo", símbolo da beleza feminina na cultura Cokwe e uma das mais valiosas do acervo do Museu Regional do Dundo, na Lunda Norte, terá sido roubada, facto que obrigou a detenção preventiva do director da instituição, pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC).
A peça desapareceu depois do falecimento de um funcionário daquela instituição, que era o responsável pelas chaves do cofre onde estavam depositados a máscara e diamantes destinados para uma exposição especial.
Depois de uma investigação aturada, o SIC recuperou as máscaras Mwana Pwo, a estatueta Samanhonga (Pensador), jóias preciosas, quatro lotes contendo mil e 879 pedras de diamantes, que terão sido roubadas do Museu.
Conforme o despacho do MP, "A suspeita de que o cofre foi arrombado para subtrair os supostos diamantes cai por terra, porquanto, os arguidos arrombaram o cofre porque o funcionário que tinha as chaves e os códigos faleceu em Março e havia receio das mesmas caírem em mãos estranhas", lê-se no despacho.
O despacho acrescenta que a decisão do arrombamento foi tomada em uma reunião do Conselho de Direcção da instituição, nas vésperas do Dia Internacional dos Museus, cujas celebrações impunham a preparação de uma exposição com os diamantes e as peças valiosas que se encontravam no cofre.
O documento refere que as supostas pedras de diamantes foram examinadas por especialistas da SODIAM e do Corpo Especial de Segurança do Mineral Estratégico, tendo sido concluído que as mesmas eram falsas, ou seja, simples réplicas.
O Museu do Dundo possui nove mil peças etnográficas e prevê, para breve, a recolha de outras que se encontram em posse de pessoas ligadas à arte e detentoras de colecções.
Entre os artigos culturais expostos, sobressaem a estatueta do Samanhonga (Pensador) - que se tornou num símbolo nacional -, as máscaras Mwana Phowo (retrata a beleza feminina), Mukishi wa Mwanangana (palhaço do rei) - que corresponde ao sacrifício sagrado e representa os antepassados do chefe tribal -, bem como os instrumentos musicais: Ngoma (batuque ou tambor) e puita.HD