Luanda – Os líderes dos grupos parlamentares da UNITA, PRS e da CASA-CE acusaram, nesta terça-feira, as autoridades policiais de uso excessivo da força na resposta ao acto de rebelião armada ocorrido, em Cafunfo, na Lunda Norte, que terá causado seis mortos.
Em conferência de imprensa conjunta, o também presidente do Partido de Renovação Social (PRS), Benedito Daniel, afirmou que os manifestantes foram abordados ainda no ponto de concentração, sem que chegassem a sair à rua.
O PRS refere ter havido 23 mortes, 11 feridos e dez desaparecidos, enquanto as autoridades apontam para seis óbitos, cinco feridos e 16 detidos.
O comandante-geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, informou que os manifestantes tentaram, por volta das quatro horas do dia 30 de Janeiro, retirar os símbolos nacionais, entre os quais a Bandeira da República numa unidade policial e, posteriormente, “içar a sua, cuja ideologia ninguém conhece”.
Para Benedito Daniel, os manifestantes, à luz da Constituição e da Lei das Manifestações, pretendiam reclamar apenas melhores condições de vida, para uma localidade sem escolas, unidades sanitárias e estradas.
O líder da bancada parlamentar da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Alexandre André, corrobora da ideia de excessos da autoridade e considera um abuso a retenção dos deputados que tentavam chegar a Cafunfo para se inteirar da real situação.
Argumentou que os deputados são soberanos e só precisam de autorização do Presidente da Assembleia Nacional em caso de férias e de deslocação ao exterior, nunca para interagir com o eleitorado.
O político exigiu a responsabilização criminal dos agentes da autoridade envolvidos, na repressão à manifestação de Cafunfo.
Por seu lado, o líder do grupo parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaca, exortou o Executivo a promover o diálogo na resolução de conflitos e o respeito à diferença, bem com a implementar programas que atendam ao interesse nacional.
Na sua intervenção o deputado da UNITA pediu protecção à vida e à dignidade humana, bem como a criação de condições de prosperidade, saúde, energia, água, alimentação e educação na região.
Na opinião de Liberty Chiaca, há falta de solidariedade institucional relativamente a retenção de deputados que se deslocaram a Cafunfo, para se inteirar “in loco” da situação que envolveu supostos manifestantes e autoridades.
Na altura dos acontecimentos, o comandante-geral da polícia disse que entre os feridos constavam um oficial superior das Forças Armadas Angolanas (FAA) e outro da Polícia Nacional, que se encontram em estado crítico, e quatro elementos ligados aos invasores.
Avançou que algumas pessoas ligadas ao movimento foram detidas por estarem supostamente envolvidas na vandalização de bens públicos.
O suposto líder do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe, Zeca Mutchima, foi detido esta terça-feira, em Luanda, pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC).
A detenção ocorreu na sequência de um mandado emitido pelo magistrado do Ministério Público junto do SIC na província da Lunda Norte.