Parlamento aprova proibição de mineração de criptomoedas

     Política           
  • Luanda     Quarta, 28 Fevereiro De 2024    15h00  
Deputados no momento do voto na sessão plenária da Assembleia Nacional
Deputados no momento do voto na sessão plenária da Assembleia Nacional
Domingos Cardoso-ANGOP

Luanda - O Parlamento angolano aprovou, esta quarta-feira, a Proposta de Lei que proíbe e criminaliza as actividades de mineração de criptomoedas e outros activos virtuais no país, para salvaguardar a segurança energética nacional.

O Diploma foi aprovado com 104 votos a favor, dois contra e 71 abstenções, na 4.ª Reunião Plenária Extraordinária da 2.ª Sessão Legislativa da V Legislatura.

A mineração de criptomoedas é o nome dado ao processo digital e online utilizado para encontrar na rede "blockchain" (cadeia de blocos que armazena informações), permitindo validar e lançar no mercado cripto novas unidades de activos digitais já existentes, a exemplo do Bitcoin (BTC) e da Ether (ETH).

As criptomoedas são "dinheiros" digitais, diferentemente do Kwanza e outras que podem ser trocadas, porque só existem na internet e permitem que o usuário faça transacções financeiras sem precisar de um banco.

A Proposta de Lei sobre a Mineração de Criptomoedas e outros activos virtuais estabelece pena de prisão de 01 a 05 anos para quem tiver em sua posse material informático, de comunicação e infra-estruturas destinadas à mineração de criptomoedas.

Segundo o relatório de fundamentação, a actividade de mineração coloca em risco a segurança nacional por causa da sobrecarga de distribuição eléctrica.

O diploma proíbe as actividades de mineração de criptomoedas e outros activos virtuais no país.

Proíbe a utilização de quaisquer licenças de instalações eléctricas para fins de mineração de criptomoedas e outros activos virtuais, bem como a ligação ao sistema eléctrico nacional de sistemas e equipamentos para fins de mineração de criptomoedas.

O artigo 9.º da proposta em apreço estabelece que, quem utilizar qualquer licença de instalações eléctricas para fins de mineração de criptomoedas e outros activos virtuais, será punido com a pena de prisão de 03 a 08 anos.

O relatório de fundamentação sustenta que a actividade de mineração de criptomoedas representa, no quadro do interesse público, um risco à segurança e estabilidade do Sistema Eléctrico Nacional, considerando o elevado potencial de consumo de infra-estruturas de mineração de criptomoedas, situando-se, em média, em cerca de 9.6 MW/dia.

O documento dá conta que tal facto representa um consumo aproximado de três mil residências, podendo afectar, de modo significativo, o fornecimento de energia eléctrica, em especial, para fins de consumo doméstico

O país tem disponibilidade de quatro mil 800 MW/dia, de uma capacidade instalada de produção de energia eléctrica de seis mil  200 MW/dia, constituindo o principal desafio a sua distribuição.

A demanda actual de consumo de energia no país é de cinco mil 500 MW/dia, abrangendo as diferentes economias de consumo, nomeadamente, doméstica, industrial, comercial e de serviços, sendo que o consumo actual efectivo é de cerca de três mil MW/dia. 

As medidas de proibição da actividade de mineração de criptomoedas, em alguns países e medidas restritivas noutros, colocam países como Angola numa situação de vulnerabilidade, face à crescente procura por parte de pessoas colectivas e singulares de territórios onde não haja regulamentação restritiva ou proibitiva para a realização destas actividades. 

O deputado João Pilamozi, do MPLA, justificou o voto favorável, por considerar de suma importância a garantia da soberania monetária e fiscal, bem como a função do Banco Nacional de Angola (BNA) como a única entidade com autoridade legal para a emissão de notas e moedas metálicas em formato físico e digital.

Sustentou que o MPLA considera importante e avisado mitigar os efeitos negativos que se debatem nos sistemas financeiros mundiais com o fenómeno da mineração, circulação transacção de criptomoedas fora do controlo das soberanias dos Estados e dos seus Bancos Centrais.

Segundo o deputado, tal facto tem elevado o risco real de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo, bem como sérias consequências ambientais fruto do alto consumo de energia das fábricas ou fazendas de mineração de criptomoedas, causando consequências na segurança energética nacional.

Já a deputada Navita Ngolo, da UNITA, disse que votaram abstenção por entenderem que legislar sobre a temática é um desafio complexo, devido à natureza descentralizada e global dessas tecnologias, que requerem uma compreensão clara.

"Entendemos que, se é verdade que há custos operacionais altos, impactos ambiental negativos, crimes financeiros e complexidade técnica que exige conhecimentos especializados, também é verdade que as criptomoedas e outros activos virtuais são fontes potenciais de lucro e incentivam a participação na rede e validação das transacções, entre outros", vincou.

Segundo a deputada da UNITA, a proibição generalizada sobre esta matéria torna a legislação ineficaz e inibe a elevação tecnológica.

Ainda esta quarta-feira, o Plenário da Assembleia aprovou, por unanimidade, a Proposta de Lei de alteração da Orgânica dos Tribunais da Relação. DC/SC





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