Menongue - O processo de desminagem, no Cuando Cubango, regista resultados positivos, com a clarificação, entre 2002 e 2023, de 399 campos que servem, actualmente, de cultivo e de circulação de pessoas e bens, a nível da província.
Os dados foram apresentados hoje, segunda-feira, à ANGOP pelo representante da Agência Nacional de Acção Contra Minas no Cuando Cubango, Marcial Cativa, que avançou que os campos clarificados correspondem a 67 milhões 492 mil e 756 metros quadrados.
Segundo o técnico, este trabalho foi desenvolvido nos municípios de Menongue, Cuito Cuanavale, Cuangar, Rivungo, Mavinga, Cuchi, Dirico, Nancova e Calai, onde foram identificadas 634 áreas, que correspondem a 83 milhões 524 mil e 918 metros quadrados.
Marcial Cativa informou que estão actualmente em desminagem 36 campos que correspondem a nove milhões 460 mil e 273 metros quadrados, cujos trabalhos decorrem a bom ritmo, com realce para os municípios do Cuito Cuanavale, Mavinga e Rivungo.
Deu a conhecer que no Cuando Cubango estão ainda por desminar outros 190 campos, que correspondem a nove milhões, 267 mil e 450 metros quadrados.
Informou ainda que, de 2002 até 2023, foram registados 112 acidentes com minas que resultaram em 75 mortes, 96 feridos e dois ilesos, num total de 171 vítimas, provocados por accionamento, manuseamento e por trabalho, em que se destaca minas anti-tanque, anti-pessoal e uxos (engenhos diversos não detonados).
Nesse período, foram sensibilizadas contra perigos de minas, mais de cinco mil pessoas, com o envolvimento de mais de 100 equipas de desminagem que desenvolvem esta tarefa de consciencialização em relação aos acidentes com minas e outros engenhos explosivos.
A fonte explicou que as equipas têm igualmente sensibilizado as pessoas no sentido de denunciarem às autoridades para a pronta intervenção quando encontrarem qualquer objecto estranho junto das suas zonas de residências.
"O balanço do processo de desminagem no Cuando Cubango é, até ao momento, positivo, tendo em conta os resultados dos campos clarificados e que servem de produção dos produtos de campo e da segurança de circulação de pessoas e bens", realçou.
Esclareceu que, só em 2023, através das brigadas do Centro Nacional de Desminagem (CND), The Halo Trust (britânica), da Engenharia Militar das Forças Armadas Angolanas (FAA) e da Polícia de Guarda Fronteira, foram clarificados dois milhões, 475 mil e 965 metros quadrados e 75 quilómetros.
Foram igualmente desminados 3 mil e 723 minas anti-pessoais, mil 870 minas anti-tanque, mil 807 uxos e sete mil e 130 munições diversas, sendo que os municípios mais visados são Cuito Cuanavale e Menongue.
Já nos últimos três meses deste ano de 2024, fez saber o representante da ANAM no Cuando Cubango, foram desminados 707 mil e 625 metros quadrados, em que foi possivel a remoção de 554 minas anti-pessoais, 232 minas anti-tanque, 657 uxos e 576 munições de diversos calibres.
O Cuando Cubango, a segunda província do país, em termos territoriais com 199.049 metros quadrados, depois do Moxico, tem uma população estimada em mais de 700 mil habitantes, e foi uma das regiões de Angola mais assolada pelo conflito armado, daí ser, igualmente, uma das mais minadas até ao momento. ALK/FF/PLB
