Lubango – A paz é um dos mais importantes ganhos da vida política angolana e o “sabor dela vale” mais pela visão que se tem em relação à guerra, considerou, esta sexta-feira, o presidente da Igreja Evangélica Sinodal de Angola (IESA).
O reverendo Dinis Marcolino Eurico sublinhou, em entrevista à ANGOP, no Lubango, província da Huíla, que a paz é consequência de uma guerra e que os angolanos viveram até 2002 e que dilacerou o país e famílias, pelo que o sabor da mesma é o melhor que a população já sentiu.
“Temos que defender e preservar a paz com todas as nossas forças, ela é o ponto comum entre os angolanos e não tem cor partidária”, exortou o pastor, aconselhando que se deve trabalhar para que esse momento seja revestido de um sentimento que parta do coração das pessoas e se reflicta na harmonia da família e vá para a rua.
Para o líder religioso, é vital que não se olhe para a paz como a ausência de hostilidades, porque ela é maior que isso, pois passa também pela presença de saúde, da harmonia, da alegria e do bem-estar das pessoas.
Admitiu que nos 20 anos sem guerra o país cresceu e o Estado investiu em infra-estruturas, mas disse que nos últimos anos assiste-se ao que chamou de situação “degradante”, com a vandalização do bem comum.
“Todos nós devemos defender e não vandalizar o que estamos a construir. Algumas pessoas estão a deixar bairros sem energia, os comboios em risco de descarrilar, hospitais sem meios. Não têm noção de que com esses actos estão também auto-prejudicar-se”, salientou.
Deixou igualmente uma mensagem à comunicação social e aos políticos, exortando que a imprensa deve ajudar a passar uma mensagem de paz e evitar que as eleições sejam transformadas num momento de tensão.
Dinis Eurico apelou aos políticos para transmitirem uma mensagem que convide o eleitor a votar e não criar mensagens que inflamem as mentes e a desconfiança que pode gerar violência.
Fundada por missionários suecos, a IESA é das maiores congregações religiosas no Sul de Angola, tendo emergido em Caluquembe, província da Huíla.
Tem perto de dois milhões de fiéis espalhados em 115 dos 164 municípios de Angola, assim como outros países, como Zâmbia, Namíbia, Botswana, Malawi, Rússia e Inglaterra.
Para além da missão evangélica, a IESA tem um “braço” social que trabalha em projectos nos domínios da agricultura, da criação de animais de tracção, do ensino superior, na obra médica, com um hospital de categoria provincial em Caluquembe e postos de saúde.
Foi reconhecida em Angola através do Decreto Executivo Nº 9/87, de 24 de Janeiro. Dinis Eurico é presidente da denominação desde 2006.