Cahombo - Sobreviventes e descendentes de mártires da repressão colonial da Baixa de Cassanje defenderam terça-feira, em Malanje, a melhoria das condições sociais da região, como forma de valorizar os heróis dessa acção histórica.
Volvidos 61 anos desde o massacre da Baixa de Cassanje, alguns protagonistas pediram mais esforços das autoridades, para a melhoria da qualidade de vida da população, que se vê a braços com várias dificuldades.
Entrevistados pela ANGOP, por ocasião do 4 de Janeiro (Dia dos Mártires da Repressão Colonial), os interlocutores solicitaram a extensão da rede escolar e hospitalar, assim como dos serviços de energia e água.
Segundo o regedor Manuel Kituxe Zaje “Yalanguela”, do município do Quela, é imperioso apostar-se no bem-estar da população da Baixa de Cassanje, para inverter o actual quadro, caracterizado pela escassez de serviços sociais.
A mesma preocupação foi manifestada pelo soba Alberto Magalhães, de Teka-dia-kinda, também no município do Quela, que lamentou o facto de a localidade possuir apenas uma sala de aula, da era colonial, bem como o avançado estado de degradação das estradas.
Sobrevivente do massacre da Baixa de Cassanje, Alberto Magalhães pediu a construção da aldeia de Teka-dia-kinda, cuja primeira pedra foi lançada há mais de 40 anos pelo primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto.
Na mesma senda, o sobrevivente Vunge Carivau mostrou-se insatisfeito com o “estado de abandono a que a região está votada”, apelando às autoridades para honrar os heróis do 4 de Janeiro com a construção de mais empreendimentos sociais, um memorial em homenagem às vítimas e a restituição da data como feriado nacional.
Durante o acto provincial alusivo ao Dia dos Mártires da Repressão Colonial, decorrido na comuna de Cambu-Sunjinje, município de Cahombo, o administrador local, João Baptista Costa, considerou a data como o despertar das consciências para a luta contra o regime colonial que vigorarava na altura.
Disse que a melhor forma de cada cidadão honrar a bravura dos mártires é participar activamente nos esforços de desenvolvimento do país, com vista a combater a fome e a pobreza.
Decorrido sob o lema “4 de Janeiro de 1961 a 4 de Janeiro de 2022, honra e glória aos bravos heróis da Baixa de Cassanje”, o acto provincial da efeméride culminou com a entrega de motos e moagens a antigos combatentes.
No dia 4 de Janeiro de 1961 foram assassinados milhares de camponeses dos campos de algodão da Baixa de Cassanje, província de Malanje, por reivindicarem os reduzidos preços praticados na compra do produto pelo regime colonial português, que respondeu com bombardeamentos da Força Aérea.
Com 80 quilómetros quadrados de extensão, a Baixa de Cassanje compreende as províncias de Malanje, da Lunda Norte e Lunda Sul.