Poucos quadros angolanos na UA contrasta com importância do país

     Política           
  • Luanda     Quinta, 07 Outubro De 2021    09h20  
Embaixador Francisco da Cruz (Arquivo)
Embaixador Francisco da Cruz (Arquivo)
Lino Guimarães

Addis Abeba - O representante permanente de Angola junto da União Africana, Francisco da Cruz, considerou, quarta-feira, que a presença incipiente de quadros angolanos na organização está desalinhada com a importância estratégica do país no continente.

Segundo uma nota a que a ANGOP teve acesso, o embaixador disse que a diplomacia angolana pretende corrigir a situação com a implementação de uma estratégia de inserção de cidadãos nacionais na organização continental.

Francisco José da Cruz falava em videoconferência realizada sob iniciativa da Associação dos Tradutores e Intérpretes de Angola (ATIA) e do Clube de Tradutores (CLUTRAD), tendo como tema os desafios e oportunidades para os angolanos pertencentes a aludida classe profissional na União Africana.

Recordou que, no discurso à Nação de 15 de Outubro de 2020, o Presidente da República, João Lourenço, destacou a importância da inserção de quadros angolanos nas organizações internacionais e regionais, no contexto de uma política externa angolana cada vez mais assertiva e engajada.

Referiu que Angola é um dos seis maiores contribuintes do orçamento estatutário da União Africana (UA), a par da África do Sul, Argélia, Egipto, Marrocos e Nigéria.

“Porém, o nosso país está sub-representado nas estruturas da organização continental”, esclareceu Francisco da Cruz, que é também o embaixador de Angola na Etiópia.

O diplomata explicou que, depois da 38ª sessão do Conselho Executivo da UA ter aprovado o novo sistema de quotas, Angola passou de 39 para 74 vagas.

Todavia, o embaixador Francisco da Cruz realçou que o país possui apenas cinco cidadãos como funcionários efectivos da Comissão da União Africana (CUA), o que corresponde a um índice de representatividade de 7%, e nenhum deles ocupa uma posição de chefia.

Anunciou que, no âmbito da operacionalização da primeira fase do plano de transição da antiga para a nova estrutura da União Africana, prevê-se o preenchimento de 78 vagas de directores e chefes de divisão, cujo recrutamento decorre de Maio do ano em curso a Setembro de 2022.

Destacou que a segunda fase contemplará 421 vagas para os cargos de nível táctico ou profissional intermédio e júnior para responder, na prática, à decisão da assembleia dos Chefes de Estado e de Governo da UA quanto à admissão de 35% de jovens na força de trabalho da organização continental até 2025.

“As Fases I e II vão oferecer oportunidades para categorias profissionais, incluindo funções, tais como revisores, supervisores, tradutores e intérpretes”, revelou o representante do Estado angolano na União Africana.

Francisco da Cruz pontualizou que os serviços de tradução e interpretação em língua portuguesa na UA estão, fundamentalmente, dominados por cidadãos moçambicanos, integrando apenas três angolanos como funcionários regulares (efectivos).

Para inverter o quadro, o embaixador aludiu a necessidade de implementação das orientações presidenciais e de iniciativas diplomáticas para a inserção de quadros angolanos nas estruturas da UA, que funciona com cinco línguas de trabalho, designadamente o português, inglês, francês, árabe e espanhol.

Referiu que, neste âmbito, será criada uma base de dados de potenciais candidatos nacionais de reconhecida capacidade profissional susceptíveis de participar nos concursos de admissão a cargos estratégicos e de nível táctico para melhor defesa dos interesses do país na organização continental.

Aos potenciais candidatos angolanos, Francisco da Cruz chama a atenção para a apresentação curricular em consonância com os requisitos do programa informático de pré-avaliação do sistema baseado no mérito usado pela UA e na sua preparação para entrevistas baseadas em competência (CBI – acrónimo em Inglês), com vista a facilitar a estruturação das respostas no processo de avaliação e na capacidade de elaboração da visão a ser transmitida perante eventuais painéis de selecção.

O embaixador advogou a submissão atempada das candidaturas, para se evitar a eliminação precoce, a melhoria dos mecanismos de divulgação de oportunidades e a mobilização de quadros angolanos no sentido de estarem mais atentos e interessados em participar nos concursos, na perspectiva de fazerem carreira profissional a nível regional, continental ou internacional, para prestigiarem e representarem o país neste mundo cada vez mais competitivo e global.

Louvou a criação da Associação dos Tradutores e Intérpretes de Angola (ATIA) e do Clube dos Tradutores (CLUTRAD) que têm “a missão de congregar e capacitar profissionais especializados em serviços de tradução e interpretação, a fim de transmitir a credibilidade necessária a estas funções cada vez mais importantes para tornar a comunicação facilitada e melhorar o entendimento entre as partes envolvidas num diálogo ou negociação em línguas diferentes”.

“O tema escolhido para a videoconferência revela-se de grande importância, sobretudo num contexto em que a pandemia da Covid-19 está a criar mais oportunidades para reuniões virtuais, em que os serviços de tradução, interpretação e legendagem desempenham um papel fundamental na comunicação em diferentes idiomas e contextos políticos, económicos e socioculturais”, enfatizou o representante de Angola na UA.

O debate foi promovido pela Associação dos Tradutores e Intérpretes de Angola e o Clube de Tradutores.





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