Luena – A concentração de focos de lixo pode proporcionar a contaminação e propagação da cólera na província do Moxico, alertaram, esta quarta-feira, os membros da comissão local de combate e prevenção desta doença.
Durante um encontro mantido a sede do governo provincial, sob orientação do vice-governador para o sector Político, Económico e Social, Victor da Silva, os membros da referida comissão analisaram os níveis de ameaças da epidemia, uma vez que afecta a República Democrática do Congo e da Zâmbia, países que estabelecem fronteira com os municípios do Moxico.
Desde Janeiro de 2023 que um surto de cólera tem afectado a região da SADC, com casos registados, pelo menos, em cinco países, nomeadamente, Botswana, África do Sul, Moçambique, Zâmbia e República Democrática do Congo.
Na ocasião, o director do Gabinete provincial da Saúde, Mário Tiago, reafirmou que após buscas activas efectuadas pelas autoridades sanitárias nos municípios do Alto Zambeze, Bundas e Luau, nenhuma pessoa foi identificada com sintomas de cólera.
Entretanto, entre os factores de riscos, apontou a propagação de focus de lixo, principalmente na cidade do Luena, situação que deve ser melhorada para a prevenção desta doença mortífera.
Considerou a necessidade das entidades administrativas e as famílias manterem os espaços limpos, garantir a água tratada, bem como evitar alimentos crus, para reduzir a probabilidade de contaminação e transmissão da doença.
Em termos de prevenção, disse que já foram identificados, em todos municípios da província, locais para edificação de centros de tratamento da doença, caso existir propagação da cólera na região.
Esta terça-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que em Janeiro houve um aumento "grave dos casos de cólera" em dez países da África Oriental e Austral, incluindo Moçambique, e alertou para o risco de uma epidemia.
Os países mais afectados são a Zâmbia e o Zimbabwé, enquanto Moçambique, a Tanzânia, a República Democrática do Congo, a Etiópia e a Nigéria registaram surtos activos de cólera, com um total de 26.000 casos e 700 mortes, segundo a OMS.
Na Zâmbia, a vacinação contra a cólera começou nas comunidades mais afectadas, com o objectivo de vacinar 1,7 milhões de pessoas, enquanto no Zimbabwé a cobertura está prevista para 2,3 milhões de pessoas.
Em Moçambique, segundo o mais recente boletim sobre a progressão da doença, elaborado pela Direcção Nacional de Saúde Pública e com dados até 31 de Janeiro, estava contabilizado um acumulado de 10.859 casos de cólera desde 01 de Outubro de 2023.
A cólera existe desde o século XIX, e o primeiro caso em África foi notificado em 1970. TC