Cuito - A província do Bié registou 693 novos casos de tuberculose nos primeiros dois meses deste ano (Janeiro e Fevereiro), situação que preocupa as autoridades sanitárias desta região, tendo em conta a tendência de aumento no número de pacientes com esta doença.
Destes, 46 estão igualmente infectados com o HIV/Sida.
No mesmo período, registou-se 44 óbitos e 109 abandonos do tratamento.
Em 2022, foram registados três mil 240 casos de tuberculose, resultando em 160 mortes. Neste mesmo ano, 668 receberam alta por melhoria.
Falando no âmbito do Dia Mundial da Luta contra a Tuberculose, que hoje se assinala, o supervisor do programa de combate e esta enfermidade no Bié, Isaías José Tchicapa Lemos, referiu que a grande preocupação tem sido a falta de apoio dos familiares aos doentes, situação que faz com que muitos abandonam o tratamento.
No Bié, apenas os hospitais municipais do Andulo, Nharea, Cuemba, Chinguar, assim como o sanatório do Cuito atendem doentes infectados com tuberculose.
Isaías José Tchicapa Lemos referiu constituir estratégias para o combate à doença o reforço da informação a nível das comunidades sobre as formas de transmissão e prevenção e capacitação dos técnicos, mormente os supervisores do programa.
Doentes clamam por mais apoio das famílias
Em declarações à ANGOP, Salamão Barros, jovem de 24 anos, internado no hospital sanatório do Cuito há dois meses, sublinhou que, desde o seu internamento, nunca recebeu um telefonema dos progenitores, irmãos ou amigos.
Proveniente da capital do país (Luanda) e sem família para apoiá-lo, disse não saber como e quando contraiu a doença, apenas notou tosse forte, dor no peito, cansaço, perda de apetite e sem forças para realizar qualquer trabalho.
O mesmo, que já apresenta melhorias significativas, apelou para uma melhoria na dieta entregue aos enfermos, visando a rápida recuperação.
Já o cidadão Ernesto Santos, em fase ambulatório, apontou a transportação de cargas pesadas como causa da doença.
Vindo da aldeia de Camuco, município do Chinguar (Bié), o paciente convive com a tuberculose desde 2013.
Apesar de pouca ajuda familiar, Ernesto Santos regista melhorias no seu estado de saúde.
Aproveitou para enaltecer o atendimento no hospital sanatório, uma vez serem grátis a alimentação, medicamentos e outras matérias gastáveis entregues nesta unidade sanitária.
Já a enfermeira chefe do hospital sanatório do Bié, Catarina Emília da Conceição Calungo,
lamentou o abandono de alguns doentes internados pelas famílias, com destaque para os oriundos de outras províncias, como Luanda, Moxico e Malanje.
Tal situação, avançou, influencia o doente a abandonar os cuidados médicos, tão logo começa a receber tratamento ambulatório.
Sem avançar quantidades, garantiu haver fármacos e materiais gastáveis para atender os pacientes, tendo louvado os esforços do Governo para a melhoria da assistência hospitalar.
A tuberculose é causada por uma bactéria, a Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch), que afecta geralmente os pulmões. Muitas pessoas podem servir como incubadoras do bacilo de Koch, ainda que não apresentem os sintomas causados pela tuberculose.
O 24 de Março comemora o dia em que Robert Koch anunciou que havia descoberto a bactéria causadora da tuberculose, em 1882, o que abriu caminho para o diagnóstico e a cura dessa enfermidade.BAN/PLB