Luanda - Celebra-se esta quarta-feira (7) o Dia Mundial da Saúde, numa altura em que a Humanidade continua confrontada com pesados desafios, por causa da Covid-19.
Por Venceslau Mateus
Tal como em 2020, a data é vivida este ano num clima de grandes incertezas quanto à contenção da pandemia e as estratégias para recuperar a economia global.
Os números reportados pela OMS, nos últimos dias, sugerem um aumento de casos pelo Mundo que se confronta agora com a segunda vaga da doença, impondo às populações novos desafios que precisam de ser vencidos a todo custo
No caso de Angola, é, igualmente, notória a tendência de crescimento dos casos de contágio, depois de um período mais ou menos estável, entre Dezembro e Fevereiro.
Por isso, o 7 de Abril deve servir para reflexão em torno da forma como os angolanos têm encarado e negligenciado a Covid-19, abrindo portas para uma eventual segunda vaga.
Aliás, na última segunda-feira, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, deixou isso claro, ao afirmar que muitos cidadãos estão a ser negligentes nas medidas de prevenção, mesmo diante das novas variantes do vírus que já circulam por Luanda, cidade com mais de sete milhões de habitantes.
Para conter a progressão da doença, o Executivo já pondera, inclusive, a possibilidade de adoptar novas medidas no próximo Decreto Presidencial sobre a Situação de Calamidade Pública.
Uma dessas medidas pode passar, eventualmente, pela obrigatoriedade da vacinação entre os profissionais da linha da frente, assunto que Sílvia Lutucuta diz estar sobre a mesa, depois da morte de dois médicos que não aderiram à vacina.
Entretanto, apesar dos "estragos" da Covid-19, que condiciona a retoma do crescimento económico, nem tudo vai mal em Angola no domínio da saúde pública, notando-se já melhorias substanciais.
A título de exemplo, nos últimos quatro anos de governação, sob liderança do Presidente João Lourenço, o país tem vindo a procurar aumentar o investimento no sector e a construir novas infra-estruturas.
Trata-se de investimentos direccionados à construção, reabilitação e apetrechamento de infra-estruturas, formação e enquadramento de novos profissionais, que resultaram na disponibilização de hospitais em comunas e sectores, melhorando a qualidade dos serviços prestados às comunidades.
O sector da Saúde registou melhorias no atendimento dos serviços nas grandes unidades sanitárias, entre as quais a Maternidade Lucrécia Paim, Hospital Pediátrico de Luanda e Sanatório de Luanda, bem como o Centro Público de Hemodiálise, na cidade do Lubango (província da Huíla).
Salta também à vista a entrada em funcionamento de novas unidades em Luanda, Lunda Sul e Bié, com destaque para o Hospital Geral Dr. Walter Strangway, com 230 camas, para prestação de pelo menos 20 serviços especializados, na província do Bié.
Com as especialidades de gineco-obstetrícia, pediatria, neonatologia, cirurgia, nefrologia, oftalmologia, ortopedia, psiquiatria, estomatologia e otorrinolaringologia, a unidade sanitária está destinada a atender pacientes das regiões Centro e Sul de Angola.
Para a região Leste (Lunda Sul, Lunda Norte e Moxico), o Executivo apostou na abertura de duas unidades na cidade de Saurimo, capital da província da Lunda Sul.
Trata-se do Hospital Geral e da Maternidade da Lunda Sul, sendo que cada unidade tem capacidade para 150 camas, vários serviços de medicina e blocos operatórios.
No quadro da luta contra a Covid-19, Luanda ganhou um Hospital de Campanha, localizado na Zona Económica Especial, município de Viana. Unidades do género foram criadas também nas províncias de Cabinda, Cunene e Lunda Norte.
Para atendimento especializado, o Governo colocou à disposição dos pacientes com insuficiência renal Centros de Hemodiálise nas províncias de Luanda (um no Hospital Geral e do Benfica) e do Bié (no Hospital Provincial), os Hospitais Municipais de Maquela do Zombo e do Quimbele e o Centro de Saúde da Quilemba.
A aposta passou ainda pela reabilitação dos Hospitais Ngola-Kimbanda e de oito Centros Ortopédicos de Medicina Física e de Reabilitação, dos 11 previstos.
Em curso estão obras de construção e apetrechamento de hospitais nacionais e provinciais, que se prevê concluir em 2021, como o Hospital Geral de Cabinda, Sanatório de Luanda, Materno-Infantil da Camama, em Luanda, o Instituto Hematológico Pediátrico de Angola e o Instituto de Medicina Forense, vulgo Morgue de Luanda.
Conforme dados a que a ANGOP teve acesso de fonte oficial, a rede de prestação de cuidados de saúde do Serviço Nacional de Saúde é constituída por quase duas mil unidades, das quais se destacam oito hospitais centrais, 32 hospitais províncias ou gerais, 228 hospitais municipais e centros de saúde e mil e 453 postos de saúde.
Além da melhoria e aumento das infra-estruturas, o Executivo angolano apostou na formação dos quadros, na melhoria das condições salariais, com o processo de reconversão de carreiras, bem como no enquadramento de 16 mil e 290 profissionais admitidos em apenas dois anos.
A assistência de saúde em Angola é complementada com o sector privado, que regista 319 clínicas em todo o país.
Actualmente, o sector possui seis mil e 400 médicos, mas precisa de mais 28 mil médicos para dar resposta à procura.