Luanda – A directora do Instituto Nacional de Luta Contra a Sida (INLS), Maria Mendes Furtado, disse que Angola possui um plano estratégico de resposta ao HIV/Sida, hepatites virais e outras infecções de transmissão sexual, com vigência de 2023 a 2026.
Segundo a médica, o plano visa eliminar as barreiras estruturais que impedem a redução da incidência da doença em toda a população.
Falando no Espaço Grande Entrevista da Televisão Pública de Angola (TPA), emitido na última terça-feira, a directora reiterou que o Governo vai continuar a implementar programas para o combate ao HIV/SIDA, de forma a acabar com a epidemia como problema de saúde pública até 2030.
Disse que a meta é garantir que todos os menores com HIV tenham acesso a tratamento e que as mães seropositivas tenham bebés sem HIV/Sida, eliminando a chamada transmissão vertical.
Realçou que fazem parte do grupo prioritário de controlo as pessoas tidas como vulneráveis, como os camionistas de longo curso, doentes de tuberculose e crianças em consulta de má nutrição.
“Temos mobilizado outros sectores com responsabilidades na implementação deste plano estratégico, porque a resposta ao HIV é multissectorial e, por isso, existe a Comissão Nacional de Luta contra Sida e Grandes Endemias”, declarou.
Frisou que uma das responsabilidades da comissão, nos seus vários níveis, é a mobilização de recursos no sector público e privado a nível nacional e internacional, através das empresas.
Angola está entre os 12 países que ratificaram o compromisso de acabar com a SIDA infantil até 2030, pondo em prática programas de tratamento, prevenção e testagem da doença.
Maria Mendes Furtado disse que o último inquérito de indicadores múltiplos de saúde, realizado entre 2015 e 2016, achou uma prevalência média de 2% na população sexualmente activa, com maior incidência nas zonas urbanas, porém com grandes assimetrias.
Segundo o Relatório Global sobre o HIV/Sida 2023 da ONU, estimam-se que 310 mil pessoas em Angola estão infectas com a doença, destas, 190 mil são mulheres e 24 mil estão grávidas.
A responsável garantiu que o país tem condições de oferecer o tratamento com anti-retrovirais com esquemas muito eficazes que têm estado a recuperar muitas pessoas em estado crítico.
“Desde 2021 temos tido créditos adicionais, graças a sensibilidade do Presidente da República, que nos permitiu ter uma garantia de tratamento com anti-retrovirais”, revelou.
Em relação a prevenção, a directora do INLS apontou o uso do preservativo como a melhor maneira de evitar a infecção do HIV.
“Nós temos de diagnosticar as pessoas que vivem com o HIV e não sabem para que seja possível oferecer o tratamento com anti-retrovirais, porque isto vai diminuir ou eliminar a circulação do vírus no sangue, ficando com uma carga viral indetectável, sem a possibilidade de transmissão”, realçou.
Explicou que o país tem cerca de três mil unidades de saúde com serviços de testagem e aconselhamento.
Defendeu a necessidade de massificar as campanhas de sensibilização e aconselhamento, bem como direccionar as pessoas aos serviços de aconselhamento e testagem, para saberem do seu estado serológico.
O INLS é um órgão técnico, tutelado pelo Ministério da Saúde, com atribuições de capacitar pessoas para ajudar na sensibilização, aconselhamento, testagem e tratamento de indivíduos infectadas com o HIV, Hepatite B e outras infecções de transmissão sexual.
Tem ainda a missão de monitorar as pessoas infectadas através de exames de carga viral e diagnóstico precoce em crianças que nascem de mães seropositivas. CPM/OHA