Huambo - Quarenta fisioterapeutas das províncias de Benguela, Cuando Cubango, Moxico e Huambo, participam desde hoje, quarta-feira, nesta última região, numa formação sobre as formas de tratamento do “pé boto”, por via do método Ponseti.
O evento, numa iniciativa do Centro de Medicina Física e Reabilitação “Princesa Diana” no Huambo, visa capacitar os profissionais no sentido de identificarem e tratarem precocemente os casos de “Pé boto congénito”, por via do método Ponseti reconhecido em todo mundo.
Trata-se de uma curvatura para baixo e para dentro da parte posterior do pé e do tornozelo, causada pela má-formação congénita e que necessita de tratamento ortopédico adequado ao longo dos primeiros anos de vida.
Intervindo na abertura da formação, o director do Centro de Medicina Física e Reabilitação “Princesa Diana” no Huambo, Sabino Adão, informou que o evento visa, igualmente, garantir uma qualidade de vida aos pacientes com este problema congénito, que se identifica nas primeiras seis ou oito semanas de vida.
O responsável espera por um maior empenho dos participantes durante a discussão dos conteúdos teóricos e práticos, visando o tratamento adequado dos pacientes.
Por este facto, aconselhou os pais e encarregados de educação com crianças nesta situação no sentido de as encaminharem o mais rápido possível para o centro, na perspectiva da reabilitação e elevação da auto-estima.
Já a directora científica desta mesma instituição, Ivandra Capunge, informou que, neste momento, a instituição assiste 46 crianças, entre zero e 12 anos de idade, com problemas de pé boto, muitas das quais já em fase de tratamento terminal.
Conforme a responsável, de 2019 à presente data foram recuperadas mais de 250 crianças, com este problema, enquanto 40 desistiram do tratamento, por falta de meios de transportes, pelo facto de residirem em localidades distantes.
Face a esta situação, Ivandra Capunge disse estar em curso o processo de capacitação dos fisioterapeutas colocados nos hospitais dos 11 municípios, para assistirem as crianças com este problema, principalmente na fase inicial, sem necessidade de se deslocarem ao centro “Princesa Diana”.
Por sua vez, o especialista em ortopedia e traumatologia Guilhermino Joaquim, do Hospital Militar Central de Luanda, apontou os tabus, crenças religiosas e culturais, como um dos principais empecilhos do processo de recuperação das crianças com pé boto.
“Muitas famílias acreditam ser vontade de Deus, o facto de terem filhos com pés deformados congenitamente, situação que precisa ser desmistificada, com acções de formação, debates e campanhas de sensibilização das comunidades”, enfatizou.
Localizado no bairro da Bomba Alta, periferia da cidade do Huambo, o Centro de Medicina Física e Reabilitação “Princesa Diana”, presta serviços nas áreas de medicina, fisioterapia, psicologia clínica, ortoprotesia, cardiopneumologia e reabilitação pediátrica, com uma média de atendimento mensal acima de sete mil cidadãos.
Com uma capacidade de 30 camas, o seu funcionamento é assegurado por 171 trabalhadores efectivos e 40 voluntários.