Benguela - O Fundo Global vai disponibilizar USD 82 milhões para revitalizar projectos de combate à malária, VIH/Sida e tuberculose nas províncias de Benguela, Cuanza Sul, Bié e Cuando Cubango, de 01 de Julho de 2021 até 30 de Junho de 2024, informou sábado, o director da ONUSIDA em Angola, Michel Kouakou.
Falando à margem da cerimónia de encerramento de um ciclo formativo destinado a 16 organizações da sociedade civil afectas à área da saúde, Michel Kouakou disse que, neste projecto de financiamento, a prioridade será a província de Benguela, pelo que essas instituições devem estar suficientemente capacitadas para elaboração e gestão de projectos.
Em relação à prevalência do VIH em Angola, referiu que, nos últimos anos, não se notam grandes variações de números, mantendo-se até aqui a taxa de dois por cento, ou seja, cerca de 340 mil pessoas seropositivas, estimativas e projecções do ano transacto (2019), sendo que, para o presente ano, apenas em Março de 2021 serão conhecidos os números.
“A minha maior preocupação neste momento tem a ver com o número ainda reduzido de pessoas fazendo tratamento contra o VIH (cerca de 100 mil portadores), devido a diversos factores, como o estigma e a discriminação, mesmo no seio da família”, enfatizou.
Ainda assim, considerou boa notícia a cobertura do tratamento das mulheres grávidas portadoras do vírus que, de 41 por cento, em 2018, passou para 63 por cento este ano, sendo necessário manter essa dinâmica.
Sublinhou que o dinheiro deste financiamento é para o povo de Angola e destina-se a baixar, senão mesmo eliminar, as infecções, já que, cientificamente, seguindo à risca o tratamento, ninguém morre de VIH, sendo possível estabilizar o vírus a níveis tidos por convenientes.
Lembrou que, deste financiamento, o Governo angolano assume 70 por cento do valor, ao passo que o Fundo Global aparece com 30 outros, todavia, apesar do contexto difícil do país, o Executivo não conhece falhas nesta matéria, estando sempre a honrar o seu compromisso.
Por último, indicou não haver estudos sobre a relação do VIH/Sida e a Covid-19, mas a ONUSIDA tem feito advocacia no sentido de todos cumprirem com a medicação, ao mesmo tempo que devem fazer o teste contra a Covi-19, porque, em caso de infecção contra este último, o doente do VIH/Sida está mais imunizado desde que siga à risca o tratamento.
Condenando o estigma e a descriminação, disse que o mundo vai parar a 01 de Dezembro para reflectir sobre o tema da ONUSIDA em 2020, “Solidariedade global, responsabilidade compartilhada”, dada a importância que se deve ter da solidariedade tanto para o Covid-19, VIH/Sida ou outras epidemias e pandemias.
Por último, reconheceu que nos meses de Março/Abril, o país conheceu alguma dificuldade em termos de fornecimento de medicamentos do VIH/Sida, tendo em conta as vicissitudes impostas pelo então estado de emergência, mas, imediatamente, as autoridades sanitárias recorreram ao Zimbabwe e a situação ficou ultrapassada.
“Terá sido uma situação pontual, que provou que as encomendas de Setembro do ano passado não chegassem a tempo (antes de Abril/Maio), o que provou então uma rotura de stoks, oportunamente regularizada, alias, ninguém esperava que iríamos ser confinados e as fronteiras nacionais fossem encerradas”, frisou.
Relativamente ao ciclo de formação, explicou que esteve virado a questões de revitalização das organizações, nomeadamente no que toca à gestão de projectos e o ciclo de vida destes, tendo em conta as perspectivas que se abrem.
Indicou que, neste projecto de financiamento, a prioridade absoluta vai ser a província de Benguela, por isso as organizações da sociedade civil locais, como parceiras do Governo, devem estar suficientemente capacitadas para a elaboração e gestão de projectos.