Luanda - As duas meninas que pediram ajuda para assistência médica nas redes sociais, desde o início da semana, uma com escoliose e a outra com hérnias da parede abdominal, já foram encaminhadas aos hospitais Josina Machel e Complexo de Doenças Cardiopulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento.
Segundo apurou a ANGOP, esta quinta-feira, o Ministério da Saúde (MINSA) encaminhou as meninas aos referidos hospitais, que se prontificaram em atender os dois casos de saúde complexos e raros na medicina angolana.
Uma das pacientes de nome Esperança Hangalo, de 14 anos, proveniente do Namibe, está internada no Complexo Dom Alexandre do Nascimento, por ter a coluna deformada, em consequência de uma escoliose idiopática infantil, que desenvolveu desde os cinco anos, situação que a faz ser vítima de “bullying”, especialmente na escola.
De acordo com a directora clínica do Complexo, Francisca Quifica, disse que quando diagnosticada com a doença, Esperança Hangalo tornou-se no primeiro caso do género em tratamento no hospital e neste momento é prematuro avançar o processo de tratamento definitivo, porque as equipas estão a fazer estudos do ponto de vista analítico e de imagem, para posterior intervenções cirúrgicas.
Francisca Quifica explicou que a escoliose idiopática infantil é a curvatura lateral da coluna, em que o indivíduo apresenta a coluna vertebral em forma de S.
“O tratamento depende da gravidade da curvatura. A escoliose idiopática é a forma mais comum de escoliose e pode ser vista em dois a quatro por cento das crianças, entre os 10 e 16 anos”, explicou.
O pai da menina, Félix Hangalo, disse ser uma satisfação ver tudo o que está a ser feito para a recuperação da saúde da segunda filha.
“Ver o que está a ser feito é um privilégio, principalmente depois de muitas tentativas. Estamos a ser bem atendidos”, disse, acrescentando que a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, e os artistas C4 Pedro, Ary e Pérola, a quem também foi dirigido o pedido de socorro, visitaram-na e garantiram a realização de um espetáculo musical, no qual ela vai ser a convidada especial.
Hérnia da parede abdominal
Já a outra menina, que padece de uma hérnia da parede abdominal, Irene Lopes, de 10 anos, natural de Malanje, a família também pediu ajuda pelas redes sociais, pedido que a Ministra Saúde, Sílvia Lutucuta, atendeu.
Irene Lopes está internada, desde ontem, no hospital Josina Machel, onde já fez alguns exames preliminares, que ajudaram a diagnosticar a existência da hérnia na parede abdominal.
A diretora clínica em exercício do hospital Josina Machel, Vitorina Vieira explicou que é possível operar a menina, mas antes, será necessário realizar outros exames conclusivos como ecografia abdominal, tomografia computadorizada, bem como fazer um estudo aprofundado da paciente, em último caso, realizar uma biópsia para determinar se a mesma tem células cancerígenas.
A médica, cirurgiã-geral, disse que o volume de massa que a menina tem na coxa é mole e maleável, causando dor porque na zona dos intestinos encontram um escape que faz aumentar o volume.
Segundo Vitorina Vieira, informações dadas pela mãe da menina, revelam que a mesma já foi operada no Hospital Provincial de Malanje, em 2016, e esta cirurgia, possivelmente, causou debilidade na parede.
Por isso, em 2021, a mesma região voltou a inflamar, fruto das alças intestinais que procuraram escape, dando origem a hérnia abdominal que a paciente desenvolveu.
De acordo com a diretora clínica interina, a menina pode ficar internada até um mês, até descartar qualquer redução do inchaço.
Maria João, mãe da menina, de 37 anos, é viúva e tem mais cinco filhos, está desempregada. Para a sobrevivência, ela tem de pedir esmolas na rua para comprar comida e medicamentos para filha.
Estão em Luanda desde Agosto do ano passado, à procura de tratamento médico para Irene Lopes. Hospedadas em casa de uma amiga, no bairro da Boa Fé, município de Viana.