Luena – Cerca de 120 mulheres que sofrem de fístula obstétrica vão ser submetidas a intervenções cirúrgicas, no quadro de uma campanha de cirurgias promovida pelo Gabinete Provincial da Saúde do Moxico, em parceria com o Hospital Materno-Infantil Dr. Manuel Pedro Azancot.
A campanha, que teve início, esta segunda-feira, no Hospital Geral do Moxico, conta com a envolvência de 30 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, psicólogos, técnicos de diagnóstico e de apoio, provenientes da capital do país (Luanda) e da província do Huambo.
De acordo com o director do Gabinete Provincial da Saúde, Tiago Mário, a campanha terá duração de 10 dias, com a realização de 12 cirurgias diárias.
Disse que a fístula obstétrica, caracterizada pela ruptura no canal vaginal, é um trauma que afecta muitas mulheres na região, tendo realçado que entre as pacientes que vão beneficiar da cirurgia constam duas adolescentes, vítimas de violação sexual, bem como de uma anciã que convive com a doença há 36 anos.
A Fístula em Angola
A fístula obstétrica é uma lesão grave entre a bexiga e o canal vaginal ou entre o recto e a vagina, provocada por um parto demorado, obstruído e sem assistência médica.
Estudos indicam que o problema causa incontinência e leva, em alguns casos, à perda do controle da urina e das fezes, deixando as pacientes praticamente excluídas da sociedade.
Em Angola, as estatísticas apontam para quase oito mil mulheres afectadas pela doença, que gera bastante desconforto, devido ao facto de as pacientes estarem sempre a perder urina e deitarem cheiro forte, sendo, por isso, desprezadas pelos próprios parceiros.
De acordo com relatórios recentes da OMS, cerca de dois a três milhões de mulheres no mundo, principalmente meninas em regiões como África Subsaariana, Ásia, mundo árabe e América Latina e Caribe, convivem com este mal, já praticamente controlado nos países desenvolvidos.
Apesar dos números, aparentemente crescentes, a doença continua desconhecida ou até ignorada em vários países com sistemas precários de saúde pública, complicando, sobremaneira, a vida de milhares de mulheres, particularmente africanas e asiáticas. TC/YD
