IONA atende mais 65 mil doentes com problemas de visão

     Saúde           
  • Luanda     Quinta, 12 Outubro De 2023    11h02  
Directora do Instituto de Oftalmologia, Luisa Paiva
Directora do Instituto de Oftalmologia, Luisa Paiva
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Luanda - Sessenta e cinco mil 434 doentes com problemas oculares foram atendidos de Janeiro a Setembro deste ano pelo Instituto Oftalmológico de Angola (IONA), informou, esta quarta-feira, a directora geral da instituição, Luísa Paiva, para quem os números são elevados e preocupam.

Em declarações à ANGOP, por ocasião do Dia Mundial da Visão, que hoje se assinala, avançou que durante o período homólogo anterior foram atendidos cerca de 68.238 pacientes.

A especialista em oftalmologia referiu que foram realizadas 5.928 cirurgias, das quais 51 por cento foram intervenções de cataratas.

Luísa Paiva destacou o facto do IONA ser a única instituição pública do país que faz cirurgias à retina, sendo que,

nesta especialidade foram operadas 81 pessoas, mais 20 em relação ao primeiro semestre de 2022.

Quanto às patologias, especificou que as mais diagnósticas no IONA são as cataratas, doenças da córnea e da conjuntiva , pálpebras, ametropias e o glaucoma.

Apontou a hipertensão arterial e as diabetes como as principais doenças que mais alterações provocam ao sistema ocular, levando mesmo a cegueira.

De acordo com a médica, o instituto tem apostado no aumento da capacidade tecnológica e de quadros, permitindo a redução da lista de espera de pacientes a serem operados, de quase dois anos para quatro meses.

Lamentou o facto de muitos pacientes faltarem às cirurgias, apesar da extensa lista de espera.

Porém, Luísa Paiva informou que o país possui apenas 95 médicos especialistas nesta área, dos quais 58 nacionais, incapazes de responder à demanda.

“Isso também condiciona o acesso dos pacientes aos nossos serviços, o que faz ter um aumento de casos dessas doenças”, lamentou.  

Neste contexto, o IONA e o Centro Oftalmológico de Benguela têm estado a fazer rastreios e a levar a saúde visual nas comunidades, de forma a mitigar essa carência de profissionais.

Até 2015, disse, a oftalmologia era uma das especialidades que mais mandava pacientes para o exterior e, neste momento, está em oitavo lugar, sendo apenas enviados doentes com problemas relacionados à córnea, devido a necessidade de  transplante.

Garantiu que o instituto oftalmológico está apto, em termos tecnológicos, apesar do défice em algumas sub-especialidades.

Custos

Quanto aos custos, a médica disse que as cirurgias à retina são as mais caras, a julgar pelo custo do material  consumível a nível internacional. A título de exemplo, explicou que na Europa pode ficar por mais de cinco mil euros.

Fez saber que uma cirurgia à catarata custava ao hospital mais de um milhão de kwanzas, enquanto a  de retina mais de dois milhões de  kwanzas.

Por este motivo, a directora justificou a cobrança de uma taxa de 15 a 20 mil Kwanzas.

“Em jeito de comparação, para que se tenha uma noção, nas clínicas privadas uma injecção deve estar avaliada  em cerca de um milhão de kwanzas”, sublinhou.

Entretanto, deu a conhecer que as consultas, exames de laboratório e os medicamentos são gratuitos.

Necessidade de mais investimento

Segundo a especialista, a oftalmologia é complexa e muito instrumental, obrigando que todos os anos sejam fabricadas novas máquinas.

Por isso, Luísa Paiva apelou para mais investimento em termos de equipamento, porque o hospital promove formação dos quadros no exterior, mas quando regressam não encontram meios.

Conselhos para higiene ocular

Para uma boa saúde ocular, a directora chama a atenção para maiores cuidados com as crianças que passam muito tempo no celular e adultos em computadores.

“Com a pandemia da Covid-19, a miopia, que é corrigida com óculos, atingiu números "records" nunca antes vistos, devido ao uso de telemóveis, computadores e uso de lentes”, disse.

Aconselhou a limpeza dos olhos e a retirada das lentes antes de dormir, para prevenir infecções.  

Porém, para quem trabalha com o computador, Luísa Paiva aconselhou a afastar-se várias vezes da tela, levantar e pestanejar frequentemente, porque o facto de estar muitas horas a fixar faz com que os olhos fiquem secos e provoca uma alteração que pode ser grave.

Hospital Escola

O IONA, segundo a sua directora, tem igualmente a missão de formar quadros para todo o país.

Para além da troca de experiências com profissionais de outros países, também providencia formação de médicos para as 18 províncias de Angola, estando, neste momento, em formação 50 enfermeiros.

Ainda no âmbito da formação, falou da existência de um convénio com a Gâmbia que fornece aos formandos bolsas para a troca de experiência.

Neste sentido, uma ONG da Gâmbia oferece igualmente consumíveis para cirurgia de 1000 pacientes e uma bolsa para a troca de experiência para médicos sem grande experiência.

Constrangimentos

A directora apresentou como  constrangimento o espaço em que funciona o IONA, que considera pequeno para o trabalho efectuado.

A instituição só tem serviços de oftomologista, não tem espaço para internamento, pois tem uma única sala utilizada para os pacientes se vestirem e serve também de pré e pós-operatório.

Situação global

Duzentas e 85 milhões de pessoas sofrem de deficiência visual moderada ou grave e em cada cinco segundos uma pessoas fica cega no mundo.  

Cerca de 40 milhões de pessoas são cegas, 80 por cento da deficiência visual é evitável, podendo ser prevenida ou tratada.

O Dia Mundial da Visão foi instituído no ano de 2000 por uma Agência de Prevenção para a Cegueira (APPC), com objectivo de consciencializar as pessoas sobre os problemas de visão. EVC/ART

 

 

 



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