IONA regista aumento de doenças oculares

     Saúde           
  • Luanda     Segunda, 31 Julho De 2023    19h53  
Directora do Instituto de Oftalmologia, Luisa Paiva
Directora do Instituto de Oftalmologia, Luisa Paiva
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Luanda - O Instituto Oftalmológico Nacional (IONA) registou no primeiro semestre deste ano, 41 180 casos de doenças oculares, representando um aumento de 42 por cento em relação ao idêntico período anterior.

Em entrevista à ANGOP, a directora da instituição, Luísa Paiva, disse que este aumento preocupa a direcção do Hospital, pois se se fizer uma projecção e, tendo em conta que diariamente chegam a atender 100 pacientes, este número poderá chegar aos 80 mil até ao final do ano, mais 16 mil em relação ao que se observou em 2022.

O que mais preocupa, afirmou, é o número elevado de crianças que são diagnosticadas com miopia (dificuldade de ver ao longe), situação agravada durante a pandemia da Covid-19, em função do uso excessivo de aparelhos electrónicos, como computador.

Informou que para um melhor atendimento e redução da lista de espera, a direcção do Instituto viu-se na necessidade de realizar campanhas de cirurgias regulares, denominadas  “Sábado da Catarata”.

No primeiro semestre de 2023, deu a conhecer, foram realizadas três mil 698 cirurgias, das quais duas mil 200 inativas e 185 de urgências, enquanto que em igual período de 2022 haviam sido feitas dois mil 483 cirurgias, um aumento de 49 por cento.

Campanhas

Fez saber, que  de Fevereiro a Março foi realizada uma no Hospital Geral de Luanda que beneficiou 829 pessoas.

Lamentou o facto de muitos pacientes faltarem às cirurgias, apesar da extensa lista de espera.

Porém, disse que o tempo de espera reduziu de um ano para apenas quatro a seis meses, graças ao intenso trabalho levado a cabo por uma equipa de quatro cirurgiões.

Com relação a cirurgias de cataratas, as de maior número, fez saber que, durante o período em análise foram operadas mil 965 pessoas.

Luísa Paiva frisou ainda que o IONA faz também cirurgias à retina, feita apenas pela instituição, a nível dos hospitais públicos do país.

Neste segmento, foram operadas 81 pessoas, mais 20 em relação ao primeiro semestre de 2022.

Quanto a este tipo de cirurgia, disse que tem sido muito cara para o hospital, a julgar pelo custo do material  consumível a nível internacional. A título de exemplo, explicou que na Europa pode ficar por mais de cinco mil euros.

Segundo um levantamento sobre custos hospitalares, realizado em 2020, fez saber,  uma cirurgia à catarata custava ao hospital mais de um milhão de kwanzas, enquanto a  de retina mais de dois milhões de  kwanzas.

Por este motivo, a directora justificou a cobrança de uma taxa de 15 a 20 mil Kwanzas.

Apontou ainda a realização da cirurgia à retina a laser,  bem como a aplicação de laser, procedimento importante para tratar das tromboses nos olhos e hipertensão arterial elevada, que cria rotura nos vasos dentro do olho.

Em jeito de comparação, para que se tenha uma noção, nas clínicas privadas uma injecção deve estar avaliada  em cerca de um milhão de kwanzas.

Informou que as consultas, exames de laboratório e os medicamentos são gratuitos.

Outros serviços têm a ver com cirurgia ao estrabismo (desalinhamento intermitente ou constante de um olho), catarata congênita e glaucoma.

Necessidade de mais investimento

Segundo a especialista, a oftalmologia é complexa e muito instrumental, todos anos são fabricadas novas máquinas.

Por isso, Luisa Paiva apelou para mais investimento em termos de equipamento, porque o hospital promove formação dos quadros no exterior, mas quando regressam não encontram meios. "A oftalmologia é demasiado instrumental, tem de usar aparelhos para tudo".

Causas de Observação no IONA

A primeira causa de observação é a catarata, a segunda é defeito de óculos, seguindo-se  as conjuntivites  e o glaucoma.

 A directora sugeriu que as consultas por defeito de óculos e conjuntivite devem ser feitas nos hospitais primários.

 Conselhos para higiene ocular

Para uma boa saúde ocular, a especialista chama a atenção às crianças que passam muito tempo no celular e adultos em computadores.

“Com a pandemia da Covid-19, a miopia, que é corrigida com óculos, atingiu números records nunca antes vistos, devido ao uso de telemóveis, computadores e  uso de lentes”, disse.

Aconselhou a limpeza dos olhos e a retirada das lentes antes de dormir, para prevenir infecções.  

Por outro lado, para as crianças, a partir de dois anos, deve lhes ser dada apenas uma hora para o uso de aparelhos electrónicos, podendo ser  aumentada para os adultos que trabalham com computadores.

Porém, para quem trabalha com o computador, Luísa Paiva aconselhou a afastar-se várias vezes da tela, levantando e pestanejar frequentemente, porque o facto de estar muitas horas a fixar faz com que os olhos fiquem secos e provoca uma alteração que pode ser grave.

Hospital Escola

O IONA, segundo a sua directora, tem igualmente a missão de formar quadros para todo o país.

Para além da troca de experiências com profissionais de outros países, também providencia formação de médicos para as 18 províncias do país, estando, neste momento, em formação 50 enfermeiros.

Ainda no âmbito da formação, falou da existência de um convénio com a Gâmbia que fornece aos formados bolsas para a troca de experiência.

Neste sentido, uma ONG da Gâmbia oferece igualmente consumíveis para cirurgia de 1000 pacientes e uma bolsa para a troca de experiência para médicos sem grande experiência.

 Constrangimento

A directora apresentou como  constrangimento o espaço em que funciona o IONA, que considera pequeno para o trabalho efectuado.

A instituição só tem serviços de oftomologista, não tem espaço para internamento, pois tem uma única sala utilizada para os pacientes se vestirem e serve também de pré e pós operatório.

A instituição conta com 42 médicos internos. ML/ART

 

 



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