Luanda - O diagnóstico precoce e início do tratamento das hepatites virais podem evitar a progressão da doença para quadros graves, alertou hoje, quinta-feira, em Luanda, o médico hepatologista Mário Simeão.
Em declarações à ANGOP, o especialista referiu que a doença já é considerada problema de saúde pública, daí que o diagnóstico feito tarde causa quadros mais avançados, como cirrose ou câncer no fígado, daí a necessidade de se iniciar rapidamente o tratamento para evitar a sua progressão.
Falando por ocasião do "Dia Mundial da Luta Contra as Hepatites Virais" (28 de Julho), que hoje se assinala, explicou que a hepatite é o termo genérico que define uma infecção ou inflamação no fígado, órgão conhecido como o filtro do organismo e encarregado de processar alimentos, filtrar o sangue e combater infecções no corpo.
Assim, para prevenir esta patologia, Mario Semeao aconselha a evitar-se o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, drogas, alguns tipos de medicamentos, para além de poder ser também afectado por certas doenças e a obesidade.
Segundo o médico, durante as suas consultas, chega a atender de 10 a 15 doentes diariamente com hepatites, entre crianças e adultos, dentre os quais quatro são pacientes novos, o que preocupa as autoridades da saúde no país, salientou.
Entretanto, disse, existem cinco tipos de hepatites: A, B, C,D e E, e dentre elas a sem cura é a B, embora exista vacina que faz parte do plano de vacinação para prevenir o seu desenvolvimento.
A hepatite pode ainda ter como causa o acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática), situação em que inicia no órgão um processo inflamatório local e crônico, que leva o indivíduo a evoluir para a esteato-hepatite não alcoólica, que pode progredir para cirrose em 10, 20 ou 30 anos.
Características da hepatite
As doenças hepáticas têm a característica de serem silenciosas e demoram a apresentar sintomas, porque o órgão não possui nervos no seu interior.
Assim, pode acontecer que se trate de uma infecção aguda, aquela que aparece de repente e dura apenas algumas semanas (de duas a seis semanas), ou até mesmo nas crónicas, quando a infecção já ocorreu há mais de seis meses.
Os sintomas manifestam-se com febre, cansaço, perda de apetite, dor abdominal, náuseas, vômito, urina escura, fezes claras, dor articular, pele e olhos amarelados (icterícia) , tontura, mal estar e rejeição ao cigarro, quando a pessoa é fumante.
Como identificar a hepatite
Para diagnosticar esta patologia, são necessários exames de sangue para identificar o tipo de vírus causador das hepatites e teste de sorologia, que determina o funcionamento do fígado.
As infecções agudas mais comuns, são as hepatites B e C, que podem tornar-se crónicas e ter como consequência doenças como a cirrose e câncer do fígado, já as hepatites crônicas podem levar anos ou até décadas para evoluírem.
Importa saber que, mesmo sem a doença activa (sem sintomas), um portador de hepatite B ou C pode transmiti-la a outra pessoa, embora determinados grupos sejam mais susceptíveis à infecção viral, por estarem mais expostas aos fatores de risco.
Tratamento da hepatite
As hepatites agudas, virais e induzidas por toxicidade, geralmente são autolimitadas, pois elas se resolvem de forma espontânea e desde que seja suspensa a droga ou medicamento suspeito.
Mas há casos graves que evoluem rapidamente, denominados pelos médicos de /hepatites fulminantes/, cujo tratamento recomenda-se um transplante do órgão.
Nas hipóteses de hepatites crônicas (B e C), o tratamento é realizado com o uso de medicamentos antivirais específicos e se a causa for o consumo de álcool, haverá restrição completa da sua ingestão.
Especialistas defendem que desde que o tratamento seja adequado e acompanhado por médicos, é possível evitar que a hepatite crônica progride para situações mais graves.