Ondjiva- O representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Angola, Karamagi Humphrey, assegurou, esta sexta-feira, na província do Cunene, o reforço das acções que visam a erradicação da dracunculose (vulgarmente conhecido como verme da Guiné) no país.
Falando num encontro com autoridades sanitárias locais e parceiros, disse que o Cunene constitui o epicentro da doença, facto que requer maior intervenção da organização para eliminar a doença.
Karamagi Humpherey disse que existem outros países africanos que estavam na mesma situação que conseguiram chegar a zero casos da doença.
Nesta senda, reconheceu os esforços multissectoriais ligados à eliminação da dracunculose, assim como do governo angolano na materialização de políticas direccionadas a resolução do problema de água.
Por seu turno, ponto focal da dracunculose pela OMS no Cunene, Mavitindi Sebastião, disse que durante o ano de 2023, a província reportou 85 casos da doença em animais, dos quais 32 confirmados laboratorialmente e outros aguardam por resultados.
Disse que os casos foram identificados em 151 aldeias dos municípios de Namacunde e Cuanhama, onde foram recolhidas amostras para sua confirmação no laboratório de Atlanta, Estados Unidos da América.
Entretanto, realçou que a organização adquiriu sete mil e 284 filtros, distribuídos às famílias para descontaminação das fontes de água, assim como o uso do larvicida.
Sublinhou ser fundamental que as pessoas observem as medidas preventivas contra a doença provocada pela ingestão de água contaminada pelo verme, facto que requer o tratamento da água antes do consumo.
Já a Coordenadora Nacional de Doenças Tropicais e Negligenciadas, Maria Cecília, disse que actualmente o Cunene é a única província a reportar três casos em humanos de forma consecutiva, no período de 2018, 2019 e 2020.
Segundo a médica, esta referência teve início em 2017, e no ano seguinte foi integrada a busca activa do verme da Guiné, onde foram reportadas 25 histórias que foram tratadas na vizinha República da Namíbia.
Fase a situação, argumentou que o país tornou-se referência de estudo da doença, sublinhando que o desafio actual é a vigilância comunitária para se poder monitorar os casos, de modo a erradicar o verme da guiné.
Disse que a OMS considera de “preocupante”, pois a notificação de um único caso constitui alarme para saúde pública, num momento que a nível global está-se trabalhar para erradicação do vírus.
A dracunculose, mais conhecida como doença do verme da Guiné, é uma parasitose invalidante causada pela saída por via cutânea da fêmea adulta do Dracunculus medinensis, um verme filiforme que pode atingir de 60 a 100 centímetros.
Considerada como doença tropical negligenciada, porque encontra-se nas zonas tropicais e afectam sobretudo pessoas de comunidades vulneráveis, a doença não dispõe de tratamento específico ou vacina para prevenção.FI/LHE/ART