Luanda - A melhoria do sistema de informação e a disponibilidade de testes do VIH/Sida permitiu um crescimento de 87 por cento, em 2021, do processo de avaliação da situação serológica revelou, em Luanda, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Carlos Alberto Pinto de Sousa.
Conforme o secretário de Estado, o sector aperfeiçoa as estratégias de combate a referida doença, com vista a manter Angola na lista dos países com taxas de prevalência mais baixas de VIH/Sida.
Destacou a melhoria no programa de controlo do vírus da Sida com a implementação, em todo país, da estratégia Testar e Tratar (TT), com a expansão da oferta da carga viral, diagnóstico precoce infantil, adaptação de esquemas terapêuticos mais eficazes (baseado em Dolutegravir), bem como a adopção da medida de Caso Índice para Diagnóstico do VIH, entre outras.
O secretário de Estado, que falava recentemente num seminário de balanço do VI Plano Estratégico Nacional de Resposta as ITS/VIH/Sida e Hepatites Virais, considerou existir uma melhoria considerável na logística de medicamentos antirretrovirais e na qualidade de vida e aceitação dos utentes ao tratamento, com a introdução, desde Fevereiro de 2021, de "Dolutegravir” para adolescentes e adultos.
Carlos Alberto Pinto de Sousa reafirmou que o país tem investido na Resposta Nacional de Combate ao VIH/Sida, além da melhoria gradual de disponibilidade de recursos locais e do compromisso político.
Nos últimos anos, disse, o sector implementou estratégias consideradas de excelência pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e demais organismos internacionais, para alcançar as metas globais.
"Apesar dos avanços no período 2017/2021 verificamos que o país ainda está muito longe de atingir os três indicadores das metas globais 95/95/95, por isso precisamos de estratégias de aceleração para melhores resultados", salientou.
Baixa prevalência
Carlos Alberto Pinto de Sousa realçou que Angola continua a ser um dos países com a prevalência do VIH mais baixa da região Subsariana.
Segundo o Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde 2015/2016, o país tem 2% de prevalência na média nacional e grandes assimetrias regionais, sendo as províncias de fronteira as que apresentam as maiores taxas.
No que toca à disponibilidade de medicamentos de combate à doença, Carlos Alberto Pinto de Sousa explicou que o aumento do número de pessoas em tratamento tem contribuído para manter as pessoas vivendo com maior tempo e qualidade de vida.
Além disso, as evidências científicas demonstram que uma pessoa que vive com VIH e que adere a um regime efectivo de tratamento antirretroviral e mantém a carga viral suprimida não transmite o vírus por relações sexuais.
Quanto às barreiras que impedem o sucesso do tratamento da doença, o secretário de Estado apontou factores sociais como a baixa compreensão, o estigma e discriminação, pobreza, questões de género, charlatanismo (falsas curas), além de situações ligados à qualidade de assistência.
Estes e outros factores, acrescentou, fazem com que 43% das pessoas que vivem com VIH no país ainda não saibam o seu diagnóstico.
Por isso, defende que, com vista ao alcance de todas as pessoas para o diagnóstico e redução das perdas de seguimento, são necessárias intervenções comunitárias e apoio social, além da organização e melhoria da qualidade dos serviços.
Respostas de combate
Em 2021, foram adoptadas a nova Estratégia do ONU/Sida, visando a Aceleração da estratégia 95/95/95 até 2025 e a Declaração Política, aprovada na Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a Sida, realizada em Junho do ano em curso, em Nova Iorque.
Foi, também, adoptada a eliminação da Sida até 2030 como parte do Objectivo de Desenvolvimento Sustentável e a Declaração Política, que os considerou compromissos específicos e indispensáveis para se perspectivar o fim da doença como ameaça à saúde pública.
O secretário de Estado realçou que Angola se comprometeu em reduzir as novas infecções nos adolescentes, o estigma e a discriminação, mitigar o impacto do VIH/Sida na população-chave e melhorar a comunicação e o envolvimento dos sectores sociais-chave, assim como melhorar a coordenação da resposta nacional do VHI/Sida com todos os parceiros.
O VII Plano Estratégico Nacional de Resposta ao VIH/Sida vai priorizar o envolvimento coordenado de todas as partes interessadas no planeamento, gestão, implementação e monitoria das intervenções integradas de VIH/Sida com a saúde sexual e reprodutiva e co-infecção VIH/TB.
O programa vai estabelecer, também, bases para medir os progressos e o impacto das intervenções e servirá como uma ferramenta de mobilidade de recursos e de apoio para todas as intervenções VIH/Sida, ITS e co-infecção VIH/TB em Angola.
Cuidados primários de saúde
Carlos Alberto Pinto de Sousa avançou que os cuidados primários de saúde, em particular, estão a prestar atenção à mãe e à criança, por continuarem a ser prioridades em todo o país.
O secretário de Estado destacou a forte aposta da Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, ao abraçar a campanha "Nascer Livre para Brilhar”, que permitiu reduzir a taxa de transmissão do VIH de mãe para o filho, de 26%, em 2018, para 15%, em 2021.
Adiantou que as comemorações do Dia Mundial da Sida, a assinalar-se quinta-feira (01 de Dezembro)decorrerá sob o lema "Acabar com as desigualdades, já!”.
Para Carlos Alberto Pinto de Sousa, o lema serve para chamar a atenção à sociedade de que é necessário unir forças, com vista a acabar com as desigualdades e dar oportunidades para que todos tenham acesso aos programas de saúde.