Luanda - A directora da Agência Reguladora de Medicamentos (ARMED), Catiza Mangueira, informou que o país possui medicamentos suficientes para atender a população que padece de diabetes.
Explicou que o Ministério da Saúde (MINSA), a nível central, tem realizado concurso para aquisição de medicamentos, portanto, as necessidades têm sido cobertas.
Esclareceu que no país existe um grande stock para até 2023, mas, o problema tem sido na gestão local das unidades sanitárias, advogando uma maior intervenção por parte da inspecção.
“Pode é haver dificuldades na gestão dos medicamentos de diabetes a nível das unidades sanitárias, mas a sua aquisição tem sido regular e está garantido a sua existência a nível nacional”, reforçou.
Explicou que o acesso ao fármaco para diabetes tem duas vertentes, sendo a primeira a ser adquirida na unidade sanitária que é garantida pelo Estado e a segunda que é de continuidade do tratamento adquirido através do sector.
O MINSA conseguiu, desde 2018, uma isenção das taxas aduaneiras de todos os medicamentos e, actualmente, estão a trabalhar com o Ministério das Finanças que é a entidade competente para regular os preços, para tratar tanto da subvenção dos fármacos para doenças crónicas, como para estabelecer os preços de referência para o sector privado no país.
Salientou que esta subvenção dos medicamentos já está em via de implementação há algum tempo, mas não se pode tomar medidas sem primeiramente ser feito algum estudo e avaliação do impacto do próprio orçamento do estado.
Reconheceu existir falta de especialistas de endocrinologistas nas províncias, mas, o Ministério da Saúde está preocupado em superar com os concursos de admissão.
Por sua vez, o médico especializado no tratamento da diabetes, José Mavungo, defendeu mais investimento para a capacitação dos profissionais das unidades primárias de saúde, para o controlo efectivo da doença nas comunidades.
Segundo o especialista, que falava por ocasião ao dia mundial da diabetes (14 de Novembro), os serviços primários devem estar próximo do cidadão com médicos e enfermeiros capacitados e competentes para dar instruções e uma melhor resposta às preocupações.
De acordo com José Mavungo, isso vai permitir que o doente esteja informado como deve se cuidar com relação a diabetes e evitar eventuais complicações da patologia que quando agravadas são letais.
“Todo paciente deve aprender a se cuidar e saber qual é o seu perfil glicêmico, e além da medicação há uma série de cuidados que devem ser tomados para que a doença não evolua“, realçou.
A diabetes é uma doença caracterizada pela falta de insulina no organismo, o que causa o aumento do nível de açúcar no sangue.
Embora seja um problema crônico, o diabetes pode e deve ser controlado. Mundialmente, aproximadamente 422 milhões de pessoas têm DM ( Diabetes Mellitus) e 1,6 milhões de mortes são atribuídas directamente a essa doença por ano
Dados das unidades de referência em Luanda
O hospital do Prenda no ponto de vista estatístico, nos 100 por cento dos doentes que ocorrem na unidade sanitária, 10 são diabéticos.
Para o director desta unidade, Tomás Cassinda, esta doença silenciosa já é considerada como um problema de saúde pública.
Fez saber que muitos desses pacientes desconhecem os sintomas e os sinais, por isso, é importante que os profissionais de saúde de cada hospital estejam capacitados para explicar quais os cuidados a ter com a doença.
“É evidente que falta educação sanitária de certas comunidades, e para isso os médicos devem primar muito por esse lado e levar à população conhecimentos sobre os sintomas e sinais dessas doenças” disse .
Já no hospital Josina Machel, os dados indicam que cada 100 pacientes que acorrem ao banco de urgência 10 a 15 são por diabetes.
O médico endocrinologista desse hospital revelou que a maior parte deles chega ao hospital numa situação de risco com grandes complicações da doença, ligadas a lesões dos pés e problemas oculares.
Fez saber que numa pesquisa feita a nível dos hospitais Américo Boavida e Josina Machel, revelam uma taxa acima de 25 por cento de amputações feitas nessas unidades em seis meses e cerca de 40 por cento dos doentes desconhecem se têm a doença ou não.
Tipos de diabetes e suas complicações
Existem três tipos de diabetes: diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e a gestacional e se manifestam de maneira semelhante, independentemente do tipo da doença.
Os sintomas da doença são emagrecimento rápido, fraqueza,cansaço constante, mudanças de humor, náuseas e vômitos
As principais complicações agudas do diabetes que precisam de intervenções imediatas – são a hipoglicemia e a cetoacidose diabética (CAD).
Entre elas constam complicações ligadas a cegueira, acidentes vasculares cerebrais, insuficiências renais, amputações não traumáticas (pé diabético).
A melhor forma de evitar tais complicações é fazer o controle da glicose por meio de medidas prescritas por um médico especializado.
Entretanto, conhecer os sintomas é fundamental. Por se tratarem de descompensações, e a primeira medida a ser tomada após identificar qualquer sinal de cetoacidose diabética ou hipoglicemia é procurar atendimento médico de urgência para tratar a complicação o mais rápido possível.
