Luena – A intervenção cirúrgica do primeiro grupo de 25 mulheres que sofrem de fístula obstétrica, no Hospital Geral do Moxico, decorreu de forma satisfatória, soube, esta quinta-feira a ANGOP, no Luena.
Entre as primeiras 25 mulheres operadas, destaca-se uma adolescente de 11 anos, que tinha sido vítima de violação sexual, bem como de uma anciã que convive com a doença há 33 anos.
As referidas pacientes foram operadas no quadro de uma campanha, que teve início, na segunda-feira, contando com a envolvência de 30 profissionais de saúde provenientes da capital do país (Luanda) e da província do Huambo, que prevê mais de 120 intervenções cirúrgicas.
De acordo com o médico gineco-obstetra, Vanderley António, as primeiras cirurgias decorreram com sucesso, afirmando que após a operação as pacientes foram submetidas a testes para aferir a possível resistência da fístula.
“Todas passaram no teste, sem nenhum caso de resistência”, disse.
Conforme o especialista, depois da cirurgia as pacientes ficarão internadas, durante num período de 14 a 18 dias, para o processo de recuperação.
Na ocasião, Beatriz Tchicango, uma das pacientes operadas, que convivia com o problema há seis anos, destacou o processo, afirmando que poderá transformar a sua vida, uma vez que era vítima de estigma no seio familiar.
“Não é era uma pessoa livre, porque era desprezada" disse emocionada, opinião corroborada pela paciente Ana Vumbi.
A fístula obstétrica é uma lesão grave entre a bexiga e o canal vaginal ou entre o recto e a vagina, provocada por um parto demorado, obstruído e sem assistência médica.
Estudos indicam que o problema causa incontinência e leva, em alguns casos, à perda do controle da urina e das fezes, deixando as pacientes praticamente excluídas da sociedade.
Em Angola, as estatísticas apontam para quase oito mil mulheres afectadas pela doença, que gera bastante desconforto, devido ao facto de as pacientes estarem sempre a perder urina e deitarem cheiro forte, sendo, por isso, desprezadas pelos próprios parceiros. TC/YD