Benguela – O aumento da produção agrícola, através da agricultura de regadio, pode garantir a segurança alimentar das comunidades afectadas pela seca, defendeu, esta quarta-feira, a directora da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), Célia Sampaio.
Falando a propósito das medidas de combate à fome que assola as populações vulneráveis, a responsável daquela organização não-governamental na província de Benguela sugeriu ser este o momento para começar a estimular as comunidades a apostarem numa agricultura de regadio.
É nesse sentido que Célia Sampaio aponta para a necessidade da utilização de sistemas de rega, moto e electrobombas, porque as comunidades são dependentes da chuva, o que as coloca em situação de vulnerabilidade em caso de irregularidade da precipitação.
A directora da ADRA- antena Benguela até reconhece que o governo tem acções viradas para esse tipo de agricultura, mas pensa que os projectos devem ser redefinidos e adaptados à realidade das famílias camponesas.
Para a interlocutora, a materialização dos projectos de grande dimensão para a agricultura tende a levar mais tempo e por isso deve-se trabalhar com pequenos projectos de irrigação.
“Temos um problema urgente a ser resolvido e pequenas iniciativas ajustadas a essas realidades dariam resultados mais concretos”, reforçou, afiançando que a reparação de um açude no município do Cubal seria, por exemplo, um pequeno projecto para responder ao desafio de produzir mais em tempo de seca.
Célia Sampaio lembra que, de 2020 a 2021, o recorrente problema da seca comprometeu a segurança alimentar daquelas comunidades, cuja subsistência depende da actividade agrícola.
Pese embora considerar necessárias as doações de alimentos para mitigar a fome nas comunidades, a directora da ADRA defende, porém, que é tempo para dar esse passo à frente (regadio) e diminuir a dependência dos camponeses da chuva, cada vez mais irregular nos últimos anos.
De igual forma, considera crítica a situação da fome na província de Benguela, onde, como reportou, as comunidades estão a enfrentar um elevado índice de insegurança alimentar.
Neste momento, frisou a fonte, existem famílias que não conseguem sequer ter ao menos uma das três refeições ao dia, o que, a seu ver, significa que “passamos para um nível de insegurança alimentar bastante elevado”.
A ADRA é uma organização não-governamental fundada em 1990, com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento democrático, social e ambiental do país.
Actualmente, tem direccionado as suas acções em 25 municípios entre as províncias de Benguela, Cunene, Huambo, Huíla, Malanje e Namibe, beneficiando 32 cooperativas de agricultores e famílias camponesas.