Angola regista mais de mil casos de cancro por ano

     Sociedade           
  • Luanda     Domingo, 04 Fevereiro De 2024    11h49  
Director do Instituto Angolano do Controlo de Câncer, Fernando Miguel
Director do Instituto Angolano do Controlo de Câncer, Fernando Miguel
António Escrivão

Luanda - Mil e quinhentos novos casos de cancro são diagnosticados anualmente no país, pelo Instituto Angolano de Controlo de Câncer (IACC), informou hoje (domingo), em Luanda, o director da unidade, Fernando Miguel.

Em declarações à Angop, por ocasião do Dia Mundial do Cancro, que hoje se comemora, o director do IACC referiu que assim como nos outros países do mundo, Angola tem registado elevadas taxas da doença, sendo que cerca de 80 por cento chega no estágio três ou quatro, sem por vezes se conseguir salvar a vida.

Explicou que dos mil e 500 novos casos de cancro, a liderança cai para mama, com 25%, seguida pelo cólo do útero, com 19%, e pela próstata, com 7% dos casos, em adultos.

Em relação às crianças, o médico cirurgião oncológico destacou que os tumores de retinoblastoma (olho), rim, leucemias (cancro da medula óssea), linfomas (câncer do sistema linfático) e tumores de sistema nervoso central lideram a lista.

O director-geral explicou que dos novos casos de cancro detectados, 150 são crianças que já estão em tratamento numa área específica para cânceres pediátricos.

Questionado pela demanda, o responsável do IACC ressaltou que o instituto atende, em média, cerca de 500 pacientes por dia, entre doentes e aqueles que aparecem pela primeira vez para fazer o rastreio.

Por outro lado, informou que o IACC precisa de mais 200 médicos para atender à demanda de pacientes, em todas as províncias do país, que buscam por tratamento para várias doenças oncológicas.

Segundo Fernando Miguel, actualmente, o IACC conta com 35 médicos para atender cerca de 500 pacientes diariamente.

Fez saber que esses profissionais estão divididos nas áreas de oncologia clínica, radio-oncologia, cirurgia oncológica, onco-pediatria, anatomopatologia, hemato-oncologia, psico-oncologia e dosemetristas.

Ressaltou que, por ser a única unidade do país a tratar doenças oncológicas, há necessidade de mais profissionais nessas áreas para que o trabalho seja feito de forma mais eficiente, evitando as listas de espera, que, por vezes, agravam o estado dos pacientes.

Entretanto, mencionou, que o tratamento do câncer é principalmente ambulatorial, onde o paciente faz quimioterapia ou radioterapia e volta para casa, sendo internado, apenas, em caso mais graves.

O IACC tem capacidade para 71 camas. Quando todas estão ocupadas, alguns pacientes são internados no Hospital Josina Machel ou no Hospital do Prenda, como parte de uma parceria existente entre as unidades de saúde.

 

Mais centros de tratamento

 

Fernando Miguel referiu que faz parte do plano do Executivo a construção de mais centros oncológicos pelo país, sendo que a província de Luanda vai ganhar outra unidade do género, no município de Cacuaco.

Revelou que também serão construídos hospitais oncológicos nas províncias de Cabinda, Huíla, Huambo e Malanje.

Tudo isso está em consonância com o Plano de Desenvolvimento Sanitário do país, com o objectivo de se evitar que os pacientes com cancro se desloquem longas distâncias em busca de tratamento médico, que por regra é demorado, levando de cinco a 10 anos, explicou.

 

Medicamentos

 

Fernando Miguel explicou que o IACC nunca registou falta de medicamentos, tanto comprimidos quanto máquinas de quimioterapia e radioterapia.

“Todos os pacientes que precisam têm beneficiado desses recursos, mas ressalto que o tratamento do cancro é caro e prolongado”, realçou o responsável, para quem esta unidade depende exclusivamente do Orçamento Geral do Estado.

De acordo com o médico, as pessoas recebem a medicação no hospital, no caso das quimioterapias e radioterapias, e depois vão para casa.

 

Número de óbitos

 

Abordado sobre o número de mortes causadas pelo câncer, Fernando Miguel respondeu que, em média, o IACC regista um óbito por dia. Além disso, acrescentou, há também a problemática do abandono do tratamento, cuja taxa ronda os três por cento.

"Isso tem aumentado as chances de muitos casos terminarem em óbito. Por isso, é meta desta unidade oncológica formar activistas que ajudem a disseminar a informação na sociedade, para que as pessoas tenham o hábito de fazer rastreio, mesmo sem ter sinais da doença, porque o combate ao cancro não pode se limitar aos profissionais de saúde", disse o médico.

Para si, o país encontra-se num nível fraco em relação à conscienlização da população sobre a doença, apelando à uma maior envolvência da população para se evitar aumentos de casos .

 

Definição da doença

 

O cirurgião oncológico define o cancro ou tumor maligno como o conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que se dividem rapidamente.

Essas células agrupam-se, formando tumores que invadem tecidos e podem invadir órgãos vizinhos e até distantes da origem do tumor, processo conhecido como "metástase" e a principal causa de morte por cancro.

Fez saber que existem mais de cem tipos diferentes de cancro que afectam os seres humanos, mas nem todos os tumores são cancerosos ou malignos, bem como os tumores benignos, que não se espalham pelo corpo.

 

Prevenção e sintomas

 

Em relação à prevenção, aconselhou a todas as mulheres em idade fértil a fazerem o exame de Papanicolau para verificar o estado do seu colo do útero, caso tenham a infecção pelo vírus HPV (Vírus do Papiloma Humano), que é transmitido por via sexual.

A doença pode ser tratada quando diagnosticada cedo, evitando, assim, o desenvolvimento do cancro. Daí a importância de ter apenas um único parceiro sexual para se evitar a transmissão deste vírus.

Informou que, em breve, o Executivo vai disponibilizar, nos hospitais, a vacina contra o HPV, que previne o cancro do colo do útero. Esta vacina é administrada às meninas dos nove aos 14 anos de idade.

O cancro tem como sintomas o surgimento de uma massa cancerígena, sangramento anormal, tosse prolongada, perda de peso inexplicável, mudança nas funções intestinais, entre outros.

 

Dados da OMS

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10 milhões de pessoas morrem todos os anos, devido a diferentes tipos de cancro.

De acordo com os dados da OMS, o continente asiático lidera a lista, com cerca de 50% do total mundial. Ao todo, a Ásia concentra 9,5 milhões de casos de cancro diagnosticados, seguido pela Europa, com três milhões de novos casos resultando em 1,3 milhões de mortes por ano.

No continente africano, os números também são alarmantes. Cerca de 1,1 milhão de novos casos de cancro ocorrem todos os anos, resultando na morte de cerca de 700 mil pessoas.

Segundo a OMS, os cinco tipos de cancro mais comuns são os da mama, pulmão, colorretal, próstata e pele.

O Dia Mundial do Cancro foi criado em 4 de Fevereiro de 2000, por iniciativa da União Internacional de Controlo do Cancro (UICC), órgão afiliado à Organização Mundial da Saúde. EVC/OHA





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