Benguela - O comandante provincial da Polícia Nacional em Benguela, comissário Aristófanes dos Santos, denunciou hoje, quarta-feira, a existência de pais e encarregados de educação coniventes com as acções criminosas dos seus filhos ou educandos.
Falando à ANGOP, o oficial comissário informou a existência de pais e outros familiares que são os principais receptadores de produtos e bens roubados, assim como outros que nunca questionam os filhos sempre que estes ostentam coisas valiosas, mesmo sabendo que estes não trabalham e não têm fonte de rendimento.
Segundo Aristófanes dos Santos, a maioria dos marginais que actuam nos bairros da província de Benguela são filhos de moradores dessas zonas e os mesmos não os denunciam, mas se queixam da criminalidade.
“Não é possível combater a criminalidade se há conivência dos próprios familiares e amigos, porque o crime não acaba com a reacção policial. É presico haver proactividade e colaboração de todos, no sentido de se reduzir o índice de desconfiança dos cidadãos em relação à polícia”, afirmou.
O comandante defendeu a necessidade dos pais e encarregados criarem condições para ajudar a PN, porque a pobreza não pode ser apontada como motivo para o cometimento de crimes. “Ser pobre, não significa ser criminoso", enfatizou.
Para o oficial comissário, os órgãos de Defesa e Segurança não podem substituir o papel dos pais e da família, logo, estes não podem ter filhos delinquentes e queixar-se de que não há segurança nas comunidades. “Tudo passa primeiro pela educação dentro de casa", disse.
Avançou ainda que existem serviços de piquete em todas unidades, esquadras e postos policiais, mas as denúncias nem sempre chegam ao conhecimento da polícia, devido a conivência familiar, de amigos e de outras pessoas próximas.
Questionado sobre os casos de roubo por esticão na via pública, Aristófanes dos Santos esclareceu ser uma prática recorrente, sobretudo onde há aglomerado de pessoas, e que a PN tudo está a fazer para combater esse mal.
“Mesmo nesses casos, os lesados devem fazer participação à polícia, para que esta possa afinar estratégias para combater esse fenómeno. Mas ainda assim, é necessário também optarmos pela cultura da denúncia, porque muitas vezes as pessoas conhecem os meliantes, mas se calam”, frisou.
Contudo, Aristofanes dos Santos apelou os pais, familiares e amigos de jovens implicados em actos que atentam à segurança e à ordem pública, a mudarem de postura e a pautarem por um comportamento de denúncias, harmonia e de urbanidade.