Bié com mais de cinquenta edifícios em condições degradantes

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  • Bié     Quarta, 02 Março De 2022    10h51  
Bié: Vista parcial do edifício Belmonte
Bié: Vista parcial do edifício Belmonte
Leonado Castro

Cuito - Mais de cinquenta edifícios na província do Bié necessitam de obras de reabilitação, por apresentarem condições degradantes, retirando a boa imagem das cidades, informou o vice-governador do Bié para o sector técnico e infra-estrutura, José Fernando Tchatuvela.

Entre os edifícios, destaque para os prédios Gabiconta, Fadiang, Vila Miséria, Bel-mont e Hotel Cuito, considerados “cartões postais do Cuito”, por se situarem bem no centro da cidade.

O prédio da Fadiang foi erguido na década de 60, enquanto os demais nos anos 70.

Essas infra-estruturas, que têm entre seis e quatro andares, ficaram muito abaladas, sobretudo devido ao impacto negativo do conflito armado pós-eleitoral de 1992, e inspiram cuidados, por apresentarem alto índice de degradação nas suas estruturas, necessitando de uma reabilitação profunda.   

Por exemplo, o prédio Gabiconta, nome de uma empresa de formação em dactilografia que ali funcionava no tempo colonial, apesar de uma nova fachada, continua destruído no interior e apresenta sérios problemas na cobertura, na canalização  e com grandes infiltrações.

O mais alto da cidade, com seis andares, no imóvel residem perto de 49 famílias.

Na Vila Miséria, mais de duzentas famílias foram desalojadas há 12 anos, por apresentar fissuras, charcos de águas residuais e da chuva. Até ao momento encontra-se desabitada.

Generosa dos Santos, de 57 anos de idade, antiga moradora do Vila Miséria, em declarações à ANGOP, disse que desde que o Governo desalojou as famílias procedeu-se a uma ligeira reforma, mas apenas teve benfeitorias na parte exterior, no quadro do Programa “Cimento e Tinta” e nunca mais recebeu outros inquilinos.

A senhora tem no rés-do-chão do edifício uma roulotte, que a permite a prática do comércio de refrigerantes.

Referiu que na altura do desalojamento o governo entregou a cada família uma parcela de terra para auto-construção dirigida no bairro São José, arredores desta cidade.

Assim como ela, muitas famílias não conseguiram construir uma residência na zona, por alegadamente falta de condições financeiras e pelo facto de na altura o bairro São José não oferecer condições de habitabilidade.

Telas Pessela, também antigo inclino do edifício, afirmou que desde sempre o imóvel apresentava degradação, sobretudo na rede de esgoto.

O jovem de 34 anos de idade teve de abandonar a residência por ordens dos proprietários, que resolveram reavê-la.

Já o prédio Bel-monte está totalmente aos escombros. Apenas o rés-do-chão está aproveitado por comerciantes estrangeiros, que realizaram ali alguma benfeitoria, que hoje deram lugar a lojas de venda de alimentos, materiais de construção, aparelhos electrónicos, roupas e calçados.

No edifício, existem perto de cinquenta apartamentos, completamente inabitados.

Prédio Fadiang – Antiga fábrica de discos do país

O exterior da estrutura do edifício de três andares onde funcionou a Fábrica de Discos de Angola, paralisada há mais de 30 anos, devido ao conflito armado, recebeu igualmente obras de restauro.

A Fadiang era o local onde se produziam discos de vinil de músicos angolanos e estrangeiros.

Hoje, pouco resta da fábrica, além de alguns vestígios e os escombros como lembrança.

De 1975 até à década de 1990, funcionou lá a gráfica que produzia e vendia cartazes e outros materiais utilizados para actividades culturais e de divulgação dos discos.

O edifício incluía ainda o espaço comercial da discoteca do Bié.

Mais tarde, foi transformada em biblioteca provincial.

Actualmente vivem lá mais de 33 famílias, que se queixam de quase tudo, quer na sua rede de esgoto, quer na infiltração de águas das chuvas.

Marciana Colombo, uma das moradoras deste imóvel, disse ser um acto de muita coragem viver neste espaço, sobretudo na época chuvosa.

O seu interior está em ruína, situação que deu lugar a infiltrações de água e a rede de esgoto precária.

Já o hotel Cuito, desde que foi erguido, nunca foi habitado, o que tem sido alvo de vandalismo.  

Entre os edifícios degradantes constam igualmente o Banco Nacional de Angola, no município de Camacupa, 84 quilómetros a Leste da cidade do Cuito, na província do Bié, o antigo lar do Ministério da Educação, e outros de um andar, no interior da província, que perigam a vida de muitos cidadãos, que fazem dos espaços de abrigo, mormente crianças de rua e na rua, cujos donos estão incapacitados financeiramente para a recuperação dos mesmos.

O vice-governador para o sector técnico e infra-estrutura do Bié, José Fernando Tchatuvela, em declarações à ANGOP, esclareceu que a província não dispõe de nenhum edifício abandonado, somente imóveis em maus estados de conservação, devido à falta de cuidados dos proprietários.

Para o vice-governador, alguns edifícios, aparentemente abandonados, são alvos de interesse por parte de investidores, mas, por falta de boa vontade dos donos, continuam inaproveitáveis.

Sem revelar nomes, responsabilizou os senhorios a obrigação da conservação, reabilitação e exploração, apelando-os à abertura de parceria ou socorrem-se a crédito bancários para a recuperação das estruturas em causa.

“A situação é complicada, os proprietários dizem que estão descapitalizados, mas também não aceitam parcerias, os imóveis continuam a retirar a boa imagem das cidades”, explicou.  

Quando aos seus estados técnicos, o responsável sublinhou que, recentemente, foram testados pelo laboratório de engenharia de Angola, e o resultado revelou não haver qualquer perigo que leva ao desabamento dos mesmos.

O vice-governador José Fernando Tchatuvela informou igualmente que o Estado tem feito um esforço para a recuperação da imagem das cidades.

No âmbito do PIIM, por exemplo, adiantou, no município do Andulo fez-se a recuperação da imagem exterior de alguns edifícios pertencentes a particulares.

No Cuito, foram reabilitados a parte exterior de vários edifícios, tendo lembrado a necessidade dos proprietários darem seguimento com acções de manutenção.





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