Ndalatando - A Associação Nacional dos Cegos e Amblíopes de Angola (ANCAA) está a desenvolver, no Cuanza Norte, um projecto que visa auxiliar portadores de deficiência visual na obtenção de registo de nascimento e bilhete de identidade, com o objectivo de devolver cidadania a esta franja da sociedade.
O projecto consiste na sensibilização e acompanhamento de deficientes visuais a aderirem aos postos de registo e emissão de bilhetes de identidade, a fim de obterem esses documentos de identidade pessoal.
O facto foi anunciado nesta segunda-feira, em Ndalatando, pela secretária provincial interina da associação, Sílvia Tita Coelho, durante o balanço das actividades realizadas, afirmando que o projecto conta com o apoio da delegação local da justiça.
Sílvia Coelho considerou de positiva as acções desenvolvidas pela organização no Cuanza Norte, localidade em que sete pessoas com deficiência visual beneficiaram de bilhetes de identidade emitidos pelo Posto de Emissão de Bilhete de Identidade de Ndalatando, e 10 participam em formação sobre empreendedorismo.
Salientou que a iniciativa visa atenuar a descriminação e as dificuldades na obtenção de documentos de identificação, como registo de nascimento e bilhete de identidade.
“Para quem já tem a cédula, ajudamos a tratar o assento de nascimento e acompanhamo-lo ao posto de emissão do bilhete de identidade e se não tem registo vamos a repartição de registo civil para ser registado e tratar o assento de nascimento”, frisou.
Referiu que o tabu que paira em famílias que encaram o deficiente visual como uma pessoa inútil faz com que continuem sem ter o bilhete de identidade.
Acrescentou que a ANCAA está a promover campanhas de sensibilização das famílias para a mudança de atitude e a forma de olhar ao deficiente visual, afim de compreenderem que são pessoas normais, com todos os direitos e deveres.
Para si, a pessoas com deficiência visual é uma pessoa normal, pode se formar academicamente, ter emprego, família, casar, cuidar do lar e dos filhos.
Além desse projecto, a ANCAA aposta também na formação sobre empreendedorismo, para pessoas com deficiência visual, para o desenvolvimento de pequenos negócios para que tenham o seu próprio sustento e uma vida condigna.
Sílvia Coelho informou que a instituição não quer acomodar os seus membros, dando-lhes sempre cesta básica, mas aposta na formação em empreendedorismo, com o intuito de criarem o seu próprio negócio.
Após a formação, a Associação Nacional dos Cegos e Amblíopes de Angola garantiu distribuir kits profissionais.
Entre os projectos em carteira, que aguardam por recursos, está o de alfabetização em braile.
Nesta vertente, destacou ainda o curso de actividades diárias, designado de “ADV”, no qual os formandos aprendem a desenvolver as habilidades domésticas, como lavar a roupa, cozinhar, engomar e vestir-se.
Criada em 1992, a ANCAA no Cuanza Norte controla 110 associados.