Ndalatando - A secretária provincial interina da Associação Nacional dos Cegos e Amblíopes de Angola (ANCAA), Sílvia Tita Coelho, apontou, esta quarta-feira, em Ndalatando, a falta de máquinas de braille em instituições como uma das barreiras ao acesso de deficientes visuais aos serviços públicos.
Segundo Sílvia Coelho, que falava à Angop sobre o processo de inclusão social dos invisuais, o actual sistema de serviços públicos está montado de tal forma que não facilita a vida dos cegos, até mesmo para a assinatura do nome no bilhete de identidade, apesar de saber faze-lo com ajuda de braille.
Na óptica da responsável, a não massificação da escrita em braille na região está a dificultar o processo de inclusão social, sobretudo no que concerne ao aceso ao emprego.
Sílvia Coelho sublinhou que não basta a angariação de donativos para oferecer, mas é preciso capacitar o cego para que possa ter uma vida activa e independente, por via da formação académica.
A responsável reconheceu que a educação é um dos poucos sectores com condições para assegurar o emprego aos cegos, por via do ensino das técnicas da escrita em braille.
Os associados, avançou, enfrentam também barreiras na mobilidade, devido a forma como foram construídos os lancis e passeis das cidades, além dos transportes públicos que não estão preparados para acomodar pessoas com deficiência visual.
No âmbito da inclusão de pessoas com deficiência visual, a ANCAA no Cuanza Norte está a efectuar, desde o mês de Junho, o cadastramento nos 10 municípios, a fim de aferir onde vivem, como vivem e perspectivar o tipo de assistência a prestar.
Além disso, está também a desenvolver um projecto que está auxiliar portadores de deficiência visual na obtenção de registo de nascimento e bilhete de identidade, com o objectivo de devolver cidadania a esta franja da sociedade.
O projecto consiste na sensibilização e acompanhamento de deficientes visuais a aderirem aos postos de registo e emissão de bilhetes de identidade, a fim de obterem esses documentos de identidade pessoal.
Acrescentou que a ANCAA está a promover campanhas de sensibilização das famílias para a mudança de atitude e a forma de olhar ao deficiente visual, a fim de compreenderem que são pessoas normais, com todos os direitos e deveres.
Nesta vertente, destacou ainda o curso de actividades diárias, designado de “ADV”, no qual os formandos aprendem a desenvolver as habilidades domésticas, como lavar a roupa, cozinhar, engomar e vestir-se.
Entre os projectos em carteira está o de alfabetização em braille.
Criada em 1992, a ANCAA no Cuanza Norte controla 110 associados.