Cunene celebra 51 anos com pesados desafios

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  • Cunene     Domingo, 11 Julho De 2021    11h10  
Um ângulo da cidade de Ondjiva, província do Cunene
Um ângulo da cidade de Ondjiva, província do Cunene
Tarcísio Vilela

Ondjiva - A província do Cunene celebrou sábado, 10 de Junho, o 51º aniversário desde que ascendeu a esta categoria, depois da sua desanexação do então distrito da Huíla, através do Decreto 330/70.

Por Fabiana Hitalukua

Fundada pelo General Pereira D’Eça, a província, com uma superfície de 77,213 quilómetros quadrados, é dividida administrativamente por seis municípios e 20 comunas, tendo como sede capital Ondjiva, antiga Vila Pereira D’Eça.

Registos dão conta de que o topónimo Ondjiva deriva do nome de Ondjeva, missanga feita à base de ovos de avestruz, usada para formatar a cintura das mulheres.

A sua população estima-se em um milhão, 121 mil e 748 habitantes, 79,1% dela residente no meio rural e 20,9% na zona urbana.

A maioria da população é da etnia Ovambo, e outros da etnia Nhaneca-Humbe, Himbas, Mwakahonas, Mundimbas, Mucubais, Mungambwes, Muhandas, Muvales e Mumbadja.

Tem ainda os povos de origem não bantus, como os sans localizados nos municípios do Cuanhama, Namacunde, Ombadja e Vátuas, situados no município do Curoca.

Xangongo (antiga Vila Roçada), capital do município de Ombadja, é o segundo centro urbano da província, situado na margem esquerda do rio Cunene, que, devido a sua situação estratégica, desempenhou um importante papel na luta contra a ocupação colonial.

Última região do país a ser ocupada pelo regime colonial (após a morte em combate do Rei Mandume ya Ndemufayo em 1917), Cunene não conheceu grandes investimentos arquitectónicos, a exemplo de muitas outras capitais de província, no período colonial.

A história da província tem também a particularidade de ser bem conhecida pela bravura dos seus povos, cuja determinação dificultou o projecto de implantação da administração colonial, impondo duras derrotas às tentativas de ocupação do seu território.

Outro aspecto importante da história da província, transcreve-se na invasão sul-africana, onde a 27 de Agosto de 1981, as forças do regime do apartheid, da África do Sul, ocuparam a cidade de Ondjiva, com o pretexto de perseguição e aniquilamento dos guerrilheiros da Swapo em Angola.

As suas principais estruturas existentes, como residências, pontes, estradas, bancos, escolas e hospitais ficaram reduzidas a escombros, durante o período de guerra, mas actualmente têm vindo a ser reconstruídas e recuperadas, apesar dos enormes desafios que ainda se colocam à província, principalmente devido ao cenário de seca.

Esse fenómeno natural, que já vem de várias décadas, tem comprometido o desenvolvimento da província, deixando marcas visíveis na actividade social e económica da população, sobretudo na agricultura e pecuária.

O renascer dos escombros

Ainda assim, a província luta para trilhar o caminho do desenvolvimento, através da execução de projectos que visam reerguer as infra-estruturas destruídas, combater a pobreza e as desigualdades sociais, ainda muito marcantes nas várias comunidades.

Apesar de ainda distante do ideal, dos escombros está a ser erguida uma cidade nova, sobretudo a sua capital, com novos edifícios administrativos do Governo provincial.

Destaca-se, também, a construção da Sé Catedral, do Palácio do governo, da sala protocolar do Aeroporto 11 de Novembro, além da requalificação da praça central.

Com o alcance da paz efectiva, em 2002, verifica-se, igualmente, avanços significativos nos sectores da educação, saúde, habitação, transportes, estradas, energia, água e outros.

Sector da Educação

No sector da educação, os avanços são mais expressivos e fazem esquecer a imagem da era colonial. Até 1970, Ondjiva tinha apenas três escolas do ensino primário e outras cinco afectas à missão católica de Kanautoni, Chiulo, Mupa, kafima e Omupanda.

Volvidos 51 anos, a província conta com 859 escolas, das quais 775 do ensino primário, 56 do primeiro ciclo, 20 ensino secundário e oito complexo escolares.

Das infra-estruturas escolares existentes, mais precisamente 104 escolas que perfazem 569 salas de aula, foram construídas no período de paz efectiva, conquistada em 2002.

Actualmente, a província conta com um universo de seis mil e 160 professores.

Estão em curso, ainda neste domínio, a construção de 14 escolas e reabilitação e ampliação de duas outras, no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios.

A região dispõe de uma instituição do ensino superior, implantada desde 2009, com os cursos de biologia, agronomia, gestão informática, enfermagem, análise clínica e hidráulica e em via de abertura duas outras do sector privado.

Ainda assim, o sector carece de mil 625 salas, equivalente a 224 escolas de sete salas cada, para atender 82 mil 712 alunos que estudam em péssimas condições e permitir o ingresso de 52.180 crianças que se encontram fora do sistema de ensino.

Saúde

No domínio da saúde também há progressos. Até 2002, a região tinha seis centros de saúde municipais e dois hospitais, a maioria em estado de degradação avançada.

Actualmente, conta com 167 unidades, das quais se destacam sete hospitais, 45 centros médicos, bem como 115 postos de saúde, garantindo maior acesso da população aos cuidados de saúde.

Energia e Água

Em relação à energia eléctrica, actualmente a província do Cunene conta com uma potência de 16,9 megawatts, sendo 8.5 proveniente da estação de Onuno (Namíbia), cinco da central térmica do Xangongo e 3.4 da Central Térmica de Ondjiva.

A energia é repartida pelos municípios de Ombadja, Cuanhama e Namacunde, enquanto no Cuvelai, Cahama e Curoca o fornecimento é feito através de grupos geradores.

Em Junho, a província beneficiou de duas turbinas com capacidade de 25 megawatts cada, em fase de montagem, que vão aumentar a capacidade de produção de 16.9 para 66,9 megawatts, e melhorar a distribuição em Ondjiva e no município de Namacunde.

O fornecimento de água é suportado pela conduta da Estação de Tratamento de Água (ETA), na vila do Xangongo, com capacidade de 1015 metros cúbicos hora, que abastece os municípios de Ombadja, Cuanhama e Namacunde.

A par deste, a região conta com sistemas de captação, tratamento e abastecimento de água nas vilas de Calueque, Cahama e Ombala yo Mungo, e mais de 171 pequenos sistemas de abastecimento de água instalados nas zonas rurais.

Em curso está a execução das obras do sistema de bombagem e da conduta a partir de Cafu até Cuamato, de um total de quadro aprovados pelo Executivo, para combater a seca.

Projectos habitacionais

Em termos habitacionais, destaca-se o projecto de construção de duas mil e 500 residências no bairro da Cachila, mil e 600 de Onahumba, 450 Ombadja, 200 fogos em cada um dos seis municípios da província e 60 outras para funcionários públicos.

A província tem igualmente em construção três condomínios para a juventude de Ondjiva, com 72 residências, 20 em Ombadja e 10 em Namacunde.

Brevemente, deve arrancar a construção da nova centralidade de Ondjiva, com mil apartamentos t3, estando a decorrer a fase de compactação do solo.

Transportes

No domínio dos transportes, a província conta com o Aeroporto 11 de Novembro (Ondjiva) e dois aeródromos na Cahama e Xangongo.

Já a rede de transporte rodoviários é servida pela estrada internacional trans-Cunene, completamente asfaltada e sinalizada, constituindo um eixo fundamental que liga Angola aos países da região da SADC.

A rede de transportes públicos é constituída por 20 autocarros e 30 mini-autocarros, 700 táxis licenciados, suportado por 12 empresas de transporte, sendo duas de rent-a-car.

As principais rotas intermunicipais são Ondjiva/Santa Clara, Xangongo, Cahama e Cuvelai, enquanto que as rotas interprovinciais ligam a fronteira de Santa-Clara, Lubango, Namibe, Benguela, Huambo e Luanda e Santa Clara-Windhoek (Namibia).

Rede Viária

No âmbito das vias rodoviárias, o Cunene tem em reabilitação e asfaltagem da via que liga a sede da província aos municípios do Namacunde, Cuanhama, Ombadja e Cahama.

Em fase de execução estão os troços Cahama-Curoca e Ondjiva/Omala, com 80 quilómetros, ligando o município do Cuanhama a Cuvelai.

Hotelaria e Turismo

Quanto à rede hoteleira, o governo tem vindo a trabalhar no sentido de mobilizar investidores no sector e tornar a província um destino turístico e do desenvolvimento turístico sustentável.

A rede hoteleira e similares actual é composta por dois hotéis, 27 pensões, 18 hospedarias, 23 restaurantes, 37 snack bares, cafés e hamburgarias, duas geladarias, 33 bares, quatro dancings, 50 botequins e 34 tabernas.

Já no turismo destacam-se os monumentos naturais, histórico e culturais, com as quedas do Ruacana e do Monte Negro (Curoca), barragem de Calueque e o curso do rio Cunene (Ombadja), o parque da Mupa (Cuvelai) e a sua grande diversidade de fauna e flora.

Em termo de monumentos e sítios, o destaque recai para o complexo turístico do Oihole e o túmulo do rei Mandume ya Ndemufayo, o vale do Pembe, monumento do Mufilo, fortaleza forte Roçada e a Cova do Leão.

Cultura e Desporto

A cultura é, sem dúvidas, o maior potencial da província, devido a diversidade e composição étnica linguística dos povos desta região, com destaque para os grupos Sans, Herero, Vátuas e Nyanecas-Humbes, que mantêm salvaguardados seus hábitos e costumes.

O Cunene dispõe de uma única sala de cinema, que se encontra em estado de abandono.

Em termo de grupos carnavalescos, são controlados 11 grupos, nomeadamente Beta-Ngó, Candegue da Paz, Símbolo da Paz, Grupo Vermelho, Ekululo, Bairro Branco, Adriano Hidipo, Buleth Sallu, Soares, Emanya LAmodiloula e Vateculo Vohamba

Por sua vez, no campo desportivo são controlados 10 clubes: FC Atlético do Cunene, FC AKC, Kakuvas, Heafo Sporting, Mukolongondjo, Bons Amigos de Santa-Clarta, Desportivos dos Castilhos, Etunda da Cahama, Humildes de Xangongo e Sublime Esport de Xangongo.

A actividade desportiva resume-se em competições interprovinciais, municipais e quadrangulares, sendo o FC Kakuva do Cunene, AKC, Desportivo dos Castilhos e Ondjiva Futebol Flube (extinto) representantes da província no zonal de apuramento de acesso a primeira divisão.





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