Curoca novamente epicentro da seca no Cunene

     Sociedade           
  • Cunene     Segunda, 08 Março De 2021    11h53  
Aldeias da Cahama abandonadas devido a seca
Aldeias da Cahama abandonadas devido a seca
Cedida

Ondjiva - O município do Curoca constitui o epicentro da seca na província do Cunene, com o registo de centenas de habitantes a abandonarem as suas residências, devido aos efeitos do drama.

Verifica-se actualmente intensa movimentação de pessoas, que abandonam o Curoca, distante 333 quilómetros da cidade de Ondjiva (capital da província), em direcção aos municípios da Cahama, Ombadja e Cuvelai e também para a vizinha República da Namíbia, a procura de condições de subsistência.

Os cidadãos, levando consigo animais de diferentes espécies e outros haveres, deslocam-se para as regiões sul e norte da província, percorrendo centenas de quilómetros a pé, a procura de alimentos e água para si mesmos e para o gado.

Para o soba grande do Curoca, Joaquim Mutchila, a situação no seio das comunidades é preocupante, as famílias não dispõem de alimentos e o gado caprino, tido como fonte de renda, está a debilitar-se cada vez mais e já se registam mortes de animais.

Afirmou que este ano o fenómeno atingiu níveis inesperados, sendo que os idosos estão a ser abandonados a sua sorte dentro dos quimbos, por não conseguirem percorrer longas distâncias, enquanto as escolas estão a ser fechadas, porque as crianças acompanham os pais na transumância.

“Há desolação entre as comunidades, porque as chuvas não caem, os campos não estão a ser cultivados e os animais estão extremamente debilitados", sublinhou.

Entretanto, o administrador municipal do Curoca, Mbambi dos Santos, disse que diariamente registam-se acima de 50 pessoas que abandonam o município, num processo migratório que teve inicio no princípio de Fevereiro último.

De acordo com o administrador, as comunidades estão desprovidas de alimentos e de água, sobretudo as populações residentes de Oncócua, Ombwa, Embunde, Chipa, Waru, Elola Tapela, Mambonde Namatumba, com o registo da morte de muitos animais.

Entretanto, lembrou que a solução da falta de água ao Curoca passa pela construção de uma conduta de água, num percurso de 50 quilómetros, a partir do rio Cunene, da localidade de Monte Negro ao Oncóncua.

“Pensamos que com a materialização deste projecto estaríamos a resolver este problema antigo, possibilitando a criação de lavras familiares, com auxílio do sistema de irrigação e produção de feno para o gado,”enfatizou.

Lembrou que os furos de água subterrâneas construídos e reabilitados estão sem liquido, porque o lençol freático reduziu consideravelmente.

Entretanto, realçou estar em curso o levantamento dos dados de habitantes que abandonam o município, numa acção conjunta com as autoridades tradicionais, para se saber o número exacto e socorrer-se os idosos.

Má nutrição afecta população

Em consequência da seca as autoridades sanitárias do município do Curoca relatam o aumento de casos de má nutrição, com o registo diário de 10 casos, sete de tuberculose e seis de doenças diarreicas agudas.

Outra consequência tem a ver com o surgimento de uma doença, ainda por identificar, cuja origem, presume-se, está relacionada com o consumo da carne de animais que morreram com a seca.

Dores nas articulações dos membros inferiores, lesões na estrutura dentária, febres, distúrbios gastro-intestinais e sangramento, são os principais sintomas da enfermidade.

De acordo com médico de Clínica Geral do Hospital municipal do Curoca, Emanuel Dombaxi, nos últimos 14 dias, deram entrada na unidade sanitária 75 pacientes, com sintomas idênticos e relatam o consumo da carne dos animais mortos.

Disse que a realização de uma biopsia e um estudo da anatomia patológica está em curso, para se determinar o problema.

Entretanto, lamentou o facto destes pacientes chegarem ao hospital num estado avançado da doença, porque primeiramente socorrem-se de tratamento tradicional.

Com uma superfície de sete mil 998 quilómetros quadrados, o município do Curoca está dividido em duas comunas e 25 aldeias.

Possui cerca de 56 mil habitantes, sendo dos mais pobres de Angola, com uma incidência de pobreza de 98 por cento, em todas as dimensões.





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